Storey. Keith Dixon
Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Storey - Keith Dixon страница 3

Название: Storey

Автор: Keith Dixon

Издательство: Tektime S.r.l.s.

Жанр: Триллеры

Серия:

isbn: 9788873041719

isbn:

СКАЧАТЬ envolver-me outra vez nessas conversações bizarras. Venda a casa por um bom preço e ganhe a sua parte. É muito simples. Portanto, não se ponha aí de papo para o ar a ver em que param as modas. Sairei de casa quando quiser trazer cá pessoas para a verem e não interferirei. Mas tem de dar o seu melhor, ambos sabemos disso.” Reparou que Frost empalidecera e perdera a sua petulância. “Não se preocupe” – disse Paul –, “eu não sou mau tipo. Sou apenas um pouco impaciente, de vez em quando. Portanto, ajude-me a resolver isto e tudo correrá bem. De acordo?”

      Estava agora em pé, olhando para a cara transtornada de Frost. Pensou que a confusão e o medo que nela via refletiam provavelmente a confusão e o medo que ele próprio tinha, embora nunca o confessasse, nem a si próprio nem a ninguém.

      “Já tem os meus números” – disse. “Não tenha medo de os usar.”

      Conduziu até casa, passando por ruas que achou mais apinhadas do que se recordava e estacionou à porta de casa do pai. Havia uma garagem nas traseiras, mas era difícil chegar lá e, além disso, estava cheia de coisas que o pai nunca tratara de deitar fora – uma velha máquina de lavar Hotpoint, uma mesa com uma perna partida, uma cadeira de braços. Dissera ao pai que se livrasse de toda aquela bagunça, mas parecia que ele nunca arranjara tempo para isso. Demasiado ocupado no bar ou na horta. A criar coisas que nunca comeu.

      Estava a aquecer uma refeição no micro-ondas quando o telefone tocou.

      “Milly.”

      “Storey. Não telefonas, não escreves…”

      “Quando nos morre o pai há coisas a fazer. Socializar não é uma delas.”

      “Não tentes fazer com que me sinta culpada. A última vez que me senti culpada dalguma coisa foi em dois mil e quatro, quando derrubei um velhote com um andarilho.”

      “Ias a conduzir?”

      “A andar demasiado depressa, sem ver por onde ia. Não foi por isso que telefonei.”

      “Porque é que telefonaste?”

      Ela soltou um suspiro irritante e Paul imaginou-a recostada no seu sofá, no apartamento que alugou ao lado do dele, em Battersea. Estaria de maillot e camisola pretos para treinar as rotinas de dança à frente da televisão, na prateleira por cima da qual se alinhavam os seus troféus reluzentes. Dançava aos fins de semana, com um tipo de Fulham, danças de salão e ensaiava o melhor que podia os seus passos.

      Storey era, para ela, um projeto. Houve uma altura em que podiam ter tido alguma coisa, mas ele escolheu mal a oportunidade e deixaram de se falar durante três meses. Depois, reataram, mas numa base diferente. Ele apreciou o facto de ela ainda querer falar com ele, apesar de se ter vindo embora com apenas dois dias de pré-aviso, descarregando em cima dela a responsabilidade de vender a mobília antes que o senhorio a desse. Era hábil – havia de tratar do assunto.

      “Ontem à noite apareceu um tipo para falar contigo” – disse ela. “Ouvi-o bater à tua porta e fui lá fora. Disse que trabalhava contigo e queria conversar.”

      “Como era ele?”

      “Um pouco mais alto do que tu, cabelo cortado à escovinha, lábios grandes, muito vermelho, como se usasse batom ou qualquer coisa parecida.”

      “O Rick. Imaginei que ele pudesse aparecer.”

      “Obrigado por me teres avisado.”

      “Que lhe disseste?”

      “Olha, é aqui que esta conversa se torna interessante, sabes? A maioria das vezes sou uma rapariga muito calma, mas, na realidade, neste caso portaste-te mal comigo, Storey. Não preciso de toda a tua história despejada na soleira da minha porta. Tenho a minha própria vida, sabes? Está bem que tenhas tido que ir tratar do funeral, e isso tudo, mas não tinhas de te ir embora, pura e simplesmente. Não quero saber da tua tensão, nem quero saber do teu trabalho. Não quero saber das tuas estantes. Não tens o direito de despejar isso tudo em cima de mim e depois pirares-te para as Midlands.”

      “De acordo. Fiz mal. Então, que disseste ao Rick?”

      Agora, imaginava-a a olhar para o teto, tentando lembrar-se do que o seu conselheiro lhe dissera acerca de se deixar controlar pela ira. Devia estar a contar até dez. Ou a imaginar anjos. Não imaginava o que ela faria para se recompor. “Disse-lhe que te tinhas ido embora” – respondeu. “Não disse para onde nem porquê. Fingi que não sabia. Não era isso que querias?”

      “Não mencionaste o meu pai? Nem Coventry?”

      “Segui as tuas instruções.” Já mais calma, um pouco aborrecida, num tom que ele reconhecia bem. “Que é que esse Rick quereria, afinal? Pensava que te tinhas demitido.”

      “E demiti. Provavelmente, pensa que consegue fazer-me voltar atrás. Arma-se sempre um pouco em psicólogo. Achava que me conhecia melhor do que eu mesmo.”

      “Merda, Storey, tu não te conheces. Andas a caminhar no escuro.”

      “Inclino-me perante o teu superior conhecimento.”

      “Olha para a tua história recente. Isso dir-te-á tudo o que precisas de saber.”

      “Tenho de ir. O meu micro-ondas acaba de apitar.”

      “Sim, está bem, não deixes arrefecer o hambúrguer.”

      “É um empadão de carne.”

      “Então, voltaste às origens. Receio por ti, receio mesmo.”

      “Telefono-te quando estiver mais estabilizado.”

      “Como se isso fosse acontecer” – disse ela, desligando.

      CAPÍTULO TRÊS

      Janice viu-o através da janela, antes de entrar. Que lata – apoderar-se do seu lugar favorito, descontraído como se lhe pertencesse. Supunha que era um homem atraente, moreno, como Pierce Brosnan se tivesse pais gregos, com aquele tipo de queixo com barba escura por fazer e cabelo preto forte. A roupa parecia também se ajustar a ele, mostrando o peito amplo e as ancas estreitas, mas de um homem que se mantinha em forma e não dum rapaz a crescer. Não tinha feições mal definidas, era vigoroso e penetrante, e os seus olhos pareciam atravessar-nos.

      Podia ser interessante. Seria bom conhecer, por uma vez, um homem que pudesse assumir o controlo. Viu isso nele, aquele impulso de dominar, de ter as coisas à sua maneira. Podia ter gostado do desafio se não tivesse outros planos.

      Portanto, ali estava ele, agora a tirar os olhos do livro, a olhá-la e a sorrir ao mesmo tempo, sabendo que ela ia franquear a porta, e apenas à espera que ela chegasse. O sorriso não lhe chega aos olhos, pensou ela, era uma coisa que ele fazia com a boca, um gesto social, reconhecendo que o jogo ia começar.

      Dizia ele: “Pensava que nunca voltaria, com a minha rudeza, e tudo. Pensava que tinha quebrado o encanto.”

      Ela olhou-lhe para a camisa de colarinho aberto, revelando um pelo encaracolado a sair por cima, para o casaco azul marinho que provavelmente veio da Next através duma loja de beneficência, para o livro agora virado para baixo, em cima da mesa – As Vinhas da Ira –, e pensou no modo como ele СКАЧАТЬ