Obras Completas de Luis de Camões, Tomo III. Luis de Camoes
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Название: Obras Completas de Luis de Camões, Tomo III

Автор: Luis de Camoes

Издательство: Public Domain

Жанр: Зарубежные стихи

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СКАЧАТЬ melhor me he acabar

      Mil vezes, que supportar

      Os males que me fizerdes;

      Mas só por serdes servida

      De mi, em quanto viver,

      Vos peço que minha vida

      Não queirais que destruida

      Possa ser.

– oOo —OUTRO

      Pois damno me faz olhar-vos,

      Não quero, por não perder-vos,

      Que ninguem me veja ver-vos.

Voltas

      De ver-vos a não vos ver

      Ha dous extremos mortaes;

      E são elles em si taes,

      Que hum por hum me faz morrer;

      Mas antes quero escolher,

      Que possa viver sem ver-vos,

      Minh'alma, por não perder-vos.

      Deste tamanho perigo

      Que remedio posso ter,

      Se vivo só com vos ver,

      Se vos não vejo, perigo?

      Mas quero acabar comigo,

      Que ninguem me veja ver-vos,

      Senhora, por não perder-vos.

– oOo —A TRES DAMAS, QUE LHE DIZIÃO QUE O AMAVÃOMote

      Não sei se m'engana Helena,

      Se Maria, se Joanna;

      Não sei qual dellas m'engana.

Voltas

      Huma diz que me quer bem,

      Outra jura que me quer;

      Mas em jura de mulher

      Quem crerá, se ellas não crem?

      Não posso não crer a Helena,

      A Maria, nem Joanna;

      Mas não sei qual mais m'engana.

      Huma faz-me juramentos

      Que só meu amor estima,

      A outra diz que se fina,

      Joanna, que bebe os ventos.

      Se cuido que mente Helena,

      Tambem mentirá Joanna;

      Mas quem mente não m'engana.

– oOo —A HUMA DAMA MAL EMPREGADAMote

      Menina, não sei dizer,

      Vendo-vos tão acabada,

      Quão triste estou por vos ver

      Formosa e mal empregada.

Voltas

      Quem tão mal vos empregou,

      Pouco de mi se dohia,

      Pois não vio o quanto me hia

      Em tirar-me o que tirou.

      Obriga o primor que tem

      Lindeza tão extremada

      Que digão quantos a vem,

      Formosa e mal empregada!

      Tomastes da formosura

      Quanto della desejastes,

      E com ella me guardastes

      Para tão triste ventura.

      Mataveis sendo solteira,

      Matais agora em casada;

      Matais de toda a maneira,

      Formosa e mal empregada.

– oOo —A HUMA Foãa GonçalvesMote

      Com vossos olhos, Gonçalves,

      Senhora, captivo tendes

      Este meu coração Mendes.

Volta

      Eu sou boa testimunha,

      Que Amor tem por cousa má,

      Que olhos, que são homens ja,

      Se nomeiem sem alcunha;

      Pois o coração apunha,

      E diz, olhos, pois vós tendes,

      Chamae-me coração Mendes.

– oOo —OUTRO

      De que me serve fugir

      De morte, dor e perigo,

      Se me eu levo comigo?

Voltas

      Tenho-me persuadido,

      Por razão conveniente,

      Que não posso ser contente,

      Pois que pude ser nascido.

      Anda sempre tão unido

      O meu tormento comigo,

      Qu'eu mesmo sou meu perigo.

      E se de mi me livrasse,

      Nenhum gôsto me sería:

      Quem, senão eu, não teria

      Mal, que esse bem me tirasse?

      Fôrça he logo que assi passe,

      Ou com desgôsto comigo,

      Ou sem gôsto e sem perigo.

– oOo —A HUMA DAMA, QUE JURAVA PELOS SEUS OLHOS

      Quando me quer enganar

      A minha bella perjura,

      Para mais me confirmar

      O que quer certificar,

      Polos seus olhos me jura.

      Como meu contentamento

      Todo se rege por elles,

      Imagina o pensamento,

      Que se faz aggravo a elles

      Não crer tão grão juramento.

      Porém como em casos tais

      Ando ja visto e corrente,

      Sem outros certos sinais,

      Quanto me ella jura mais,

      Tanto mais cuido que mente.

      Então vendo-lhe offender

      Huns taes olhos como aquelles,

      Deixo-me antes tudo crer,

      Só pola não constranger

      A jurar falso por elles.

– oOo —MOTE ALHEIO

      Ha hum bem, que chega e foge;

      E chama-se este bem tal,

      Ter bem para sentir mal.

Volta

      Quem viveo sempre n'hum ser,

      Inda que seja em pobreza,

      Não vio o bem da riqueza,

      Nem o mal d'empobrecer:

      Não ganhou para perder;

      Mas ganhou com vida igual

      Não ter bem, nem sentir mal.

– oOo —A HUMA DAMA, QUE LHE VIROU O ROSTOMote

      Olhos, não vos mereci

      Que tenhais tal condição,

      Tão liberaes para o chão,

      Tão irosos para mi.

Volta

      Baixos e honestos andais,

      Por СКАЧАТЬ