Comboio-Fantasma. L.M. Somerton
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Название: Comboio-Fantasma

Автор: L.M. Somerton

Издательство: Tektime S.r.l.s.

Жанр: Зарубежные детективы

Серия:

isbn: 9781802500660

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СКАЧАТЬ final do dia, a sua cabeça latejava, as costas doíam e o pescoço estava tão rígido que parecia que uma barra de aço unia o crânio à coluna vertebral. Tudo o que ele queria era ir para casa, ensopar num banho quente durante pelo menos três horas e de seguida dormir. Após alguns dias, habituar-se-ia ao trabalho e ao esforço físico que este exigia ao seu corpo. A memória muscular não durava o ano todo e sentar-se nos anfiteatros ou na biblioteca da universidade não o preparava para ficar de pé o dia todo, dobrando-se sobre as carruagens. No entanto, a sua casa ainda estava à distância de uma viagem de bicicleta.

      Stevie ficava sempre com Zach durante as férias pois os seus pais viviam no estrangeiro e, por isso, era costume apanhar boleia com Zach e o pai. Adam era um morador local como Zach e vivia a curta distância do parque, na casa dos pais. Ele dispunha de um quarto fantástico por cima da garagem. A residência para estudantes permitia que Garth alugasse durante todo o ano. Dispunha de um apartamento independente com casa de banho própria e uma pequena kitchenette, o que era muito conveniente. O seu apartamento era um de muitos num quarteirão situado numa área extensiva de alojamento destinado a estudantes. Era muito sossegado durante o verão. Nenhum dos seus vizinhos mais próximos permanecera nas férias, pelo que ele podia ouvir as suas músicas de rock gótico preferidas tão alto quanto queria sem incomodar ninguém. Ficava à distância de um curto passeio da biblioteca da universidade, o que significava que também podia adiantar os trabalhos de curso para o ano seguinte. Era fascinado por Física e estava ansioso por iniciar a sua dissertação.

      Rodou os ombros, gemendo com os estalidos. Percorrer a cidade de bicicleta não ia ser nada divertido. Efetuou as últimas verificações e desligou tudo. A música foi silenciada e o néon colorido transformou-se em escuridão. O silêncio foi um alívio. Garth foi até ao seu cubículo buscar o casaco e a carteira, saltando quando sentiu um toque no ombro. Ele ganiu, bateu com a cabeça numa prateleira e caiu de rabo, esparramando-se desajeitadamente.

      «Que r...» Esfregou o crânio dorido.

      «Desculpa, não te queria assustar.»

      Garth ergueu o olhar para observar o seu carrasco. O seu pescoço protestou enquanto inclinava a cabeça para trás, e depois ainda mais para trás. Ele olhou para a mão estendida com desconfiança, mas decidiu que, como já tinha feito figura de autêntico idiota, aceitar assistência não ia acrescentar nada à sua humilhação.

      «Posso ajudar?» Garth foi puxado tão depressa que perdeu o equilíbrio e tropeçou. O desconhecido segurou-o, colocando uma mão no fundo das costas. Uma sensação de calor penetrou pela t-shirt fina de Garth.

      «Estás bem? Não quero magoar esse belo rabiosque mais do que já está.»

      Garth engoliu em seco antes de recuperar a sua fonte interior de sarcasmo. «Achas apropriado estares a comentar o meu rabo? Acabámos de nos conhecer. Quem és tu?»

      Mesmo sob a luz fraca, Garth conseguiu detetar um lampejo de divertimento nos olhos azuis-aço.

      «Clem Chadwick, Serviços Informáticos. Prazer em conhecer-te, Garth.»

      «Como é que sabes o meu nome?» Garth franziu a testa, embora a sua pila traiçoeira se estivesse a contorcer de excitação.

      «Queres dizer, além do crachá que trazes ao peito?» Clem riu-se. «O teu chefe disse-me. Preciso de instalar um patch no computador do comboio-fantasma e tive de esperar que fechasse para o fazer. Ele disse que não te ias importar de ficar por aqui mais alguns minutos.»

      «Suponho que não — desde que sejam apenas alguns minutos. Foi um dia longo.» Garth foi sentar-se num dos carros, meio rabugento. «Serve-te à vontade. Ainda não tranquei a porta da cabine, mas vais ter de voltar a ligar a corrente.» Nem tentou esconder a sua irritação.

      Clem ergueu a sobrancelha. «És mesmo um fedelho, não és?»

      «Novamente com os comentários pessoais! Estou cansado e rabugento. Processa-me.»

      «É mais provável espancar-te.» Clem virou-lhe as costas, sorrindo.

      Garth ficou embasbacado. Estava dividido entre fugir e gritar Sim, por favor!

      «Jesus. Foda-se. Devo estar mais cansado do que pensava», murmurou ele, enquanto observava Clem discretamente. O homem era uma visão naquelas calças de ganga pretas e não havia mal nenhum em fantasiar. Ele deixou-se dormitar, imaginando como seria estar sob o controlo de Clem, amarrado com cordas, o rabo exposto à mão ou à vara. Nos seus sonhos, era impossível que Clem fosse heterossexual ou baunilha. Ele estremeceu e um pequeno gemido escapou-lhe dos lábios.

      «Não sei com o que estás a sonhar, miúdo, mas fica-te bem.»

      Clem estava inclinado sobre ele. Garth pestanejou. Ele conseguia sentir o aroma a menta no hálito de Clem e o cheiro do seu shampô de tão perto que estava. Garth saiu do carro o mais rápido que conseguiu na tentativa de recuperar alguma dignidade, mas a ereção que enchia as suas calças de ganga justas não ajudou. Nem a expressão de entendimento no rosto atraente de Clem.

      «Trouxe a carrinha», disse Clem. «Dou-te boleia até casa.» Soou mais como uma ordem que uma sugestão.

      «A minha mãe ensinou-me a não aceitar boleia de estranhos. Tenho bicicleta.»

      «A tua bicicleta cabe na traseira da carrinha e eu não sou um estranho. Já nos conhecemos há uma hora. Telefona ao Zach ou ao pai dele. Sou um amigo da família. Eles podem responder por mim.»

      Garth olhou seriamente para ele. A ideia de não ter de pedalar pela cidade no escuro era tentadora. Sacou do telemóvel e apunhalou o botão de chamada rápida que o conectava a Zach.

      «Ei, Zach. Conheces um tipo da informática chamado Clem?»

      «Claro.» Pelo tom de voz de Zach, ele estava a tentar conter o riso. «Lindo, não é? Ainda no outro dia ele me perguntou se tu voltavas este verão. Não faz o meu género, mas é definitivamente o teu. Dommy como o diabo. Já te colocou as algemas?»

      «Mas que raio, Zach? Ele está apenas a oferecer-me uma boleia para casa e eu quero ter a certeza que não é um assassino psicopata com um machado.» Captou o olhar de Clem, que tinha um sorriso enorme na cara.

      «Boleia para casa... Sim, claro. Se é isso que lhe chamam hoje em dia.» Zach fez um som algures entre um ronco e um grunhido.

      «Zach...»

      «Não há problema. Conheço-o há anos. Quando eu era miúdo, ele era adolescente e costumávamos brincar à pancada nas churrascadas em família e cenas do género. Mas ele é um verdadeiro Dom, por isso tem cuidado com as tuas bocas espertas ou ele põe-te uma mordaça antes de conseguires dizer Goo Goo Dolls.»

      «Está bem. Se eu não aparecer no trabalho amanhã, a manchete do jornaleco cá da zona é culpa tua.» Desligou a chamada. «Uma boleia vem mesmo a calhar. Obrigado.» O sorriso de Clem era, no mínimo, desconcertante. Garth disfarçou a sua confusão enquanto trancava tudo. Enrolou o casaco e enfiou-o na mochila com a carteira e o telemóvel. «Estou pronto.»

      Clem liderou o caminho até à saída para funcionários na extremidade sul do parque e usou o seu cartão de segurança para abrir o portão. A sua carrinha estava estacionada a cerca de cem metros ao fundo da rua. Garth libertou a sua bicicleta do longo suporte junto ao passeio antes de a deslocar para a traseira da carrinha. O interior da viatura estava imaculado. Havia muito espaço para colocar a bicicleta e Clem levantou-a como se não СКАЧАТЬ