Название: ANTIAMERICA
Автор: T. K. Falco
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Детская проза
isbn: 9788835428541
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Ela reconheceu imediatamente a captura de ecrã. No topo havia uma bandeira vermelha e preta da anarquia com uma estrela no centro. Por baixo havia uma imagem a preto e branco do Che Guevara — a que ela viu nas t-shirts. O Javier não ficou muito contente ao ver o rosto dele quando Brayden mostrou aquele site pirateado.
Ao lado da imagem havia uma citação: “Está na hora de se livrar do jugo, forçar a renegociação de dívidas externas opressoras e forçar os imperialistas a abandonar as suas bases de agressão.”
Ela rolou a cabeça sobre o ombro esquerdo. “Sim. Eu conheço o AntiAmerica. Eles estão nas notícias todos os malditos dias.”
Não que ela estivesse de olho por vontade própria. Fora submetida a repescagens não solicitadas e a comentários de cortesia por Brayden. Hacktivista de longa data e apoiante incondicional das causas sociais na Internet e profetante de discursos anticapitalistas. Assim que ele começou a perceber como “o sistema é manipulado para que os ricos explorem as massas,” ninguém o conseguiu calar.
O agente Palmer pegou na página da captura de ecrã e abanou-a enquanto a sua parceira andava de um lado para o outro no canto. “Isto era o site do Nexus Bank após o primeiro ataque do AntiAmerica no 1º de maio – Dia do Trabalhador – a comemorar os ataques da Ameaça Vermelha de 1919 há um século atrás. Seguido por ataques contra o Domínio e a Primeira Regência. Os três maiores bancos do país pirateados nos últimos dois meses.”
Os agentes agiam como se o seu discurso fosse relevante para ela. “É por isso que estão aqui os dois a falar comigo?”
O agente Palmer assentiu com a cabeça. “A agente McBride e eu fazemos parte de uma força-tarefa interagências designada para os investigar.”
“Bom para vocês.”
“Qual é a sua opinião sobre o AntiAmerica?”
Os ouvidos de Alanna já estavam fartos do som da agente McBride a mascar a pastilha elástica no canto da sala. “Não tenho uma. Estou-me a borrifar. Qual é a sua?”
“Eles não são hacktivistas que lutam por causas como um LulzSec2 ou NullCrew3. São anarquistas. O objetivo final deles é deixar este país de rastos. E quanto mais seguidores atraem, mais perigosos se tornam.”
Desde que o AntiAmerica fez um post online de um manifesto após o primeiro ataque, que eles andavam a reunir todos os anarquistas mais reservados em fóruns, salas de bate-papo e no Twitter. Ela não fazia ideia de quantos. Mas sempre que ligava a TV, eram abundantes as notícias sobre novos protestos que surgiam nas principais cidades do mundo.
“Ok. Melodrama à parte — o que tem isto a ver comigo?”
Ele inclinou-se para trás e juntou as mãos. “Conhece um hacker chamado Paul Haynes?”
Alanna apoiou o pescoço nas costas da cadeira. O facto de os federais terem mencionado o nome de Paul significava que sabiam que ele era um chapéu preto. Ela teria de ser mais cuidadosa. Sem saber que provas eles tinham que a ligava a Paul, não poderia ser demasiado óbvia ao negar qualquer ligação a ele.
Ele inclinou a cabeça. “Pode responder a uma simples pergunta de sim ou não. Conhece-o ou não?”
O silêncio só consolidaria a sua culpa nas mentes deles. Talvez se ela respondesse, ele finalmente fosse direto ao ponto. “Conheço. Mas não muito bem. Conversámos algumas vezes.”
“Quando foi a última vez que falou com ele?”
“Há alguns meses. Porquê?” Era melhor fazê-lo passar por conhecido. Já estava em apuros pelos seus próprios crimes sem se filiar aos dele.
“O colega de quarto dele foi encontrado morto.”
O estômago de Alanna deu um nó enquanto ela se contorcia no seu assento. Os dois agentes estudavam a sua reação com interesse — ela teve de controlar as emoções. Mas não podia deixar de sentir pena de Paul. Não importava o que pensava dele, não podia suportar a ideia do quão doloroso devia ter sido essa perda.
“Íamos trazê-lo há algumas semanas para discutir um exploit que ele criou e que foi usado no primeiro ataque do AntiAmerica. Os agentes enviados ao seu apartamento em South Beach encontraram o corpo do colega de quarto. Tinha sido amarrado, espancado e estrangulado.”
Ela mordeu o lábio inferior. “Caramba. Nunca conheci o colega de quarto dele. Mas o Paul sempre pareceu ser um tipo porreiro. Acham que ele o matou?”
“Não sabemos. Mas ele é com certeza um potencial suspeito, visto que desapareceu na época do assassinato do colega de quarto.”
O Paul e o Terry eram um casal — não colegas de quarto. Mas os federais não saberiam isso por Alanna. Mesmo que ela não estivesse a afastar-se de Paul, não havia quem mais apreciasse manter a vida privada em segredo do que ela. Ela agarrou-se ao estômago por baixo da mesa. Ele falara sobre a relação de ambos como se tivesse encontrado o amor da sua vida. Ela estava cética de que tivesse terminado em tortura e homicídio.
O agente Palmer inclinou-se para a frente no seu assento. “Onde o viu pela última vez?”
“No Mechlab.” O hackerspace local. Um centro recreativo/ biblioteca/ oficina/ laboratório de informática. Paul foi uma das primeiras pessoas que ela conheceu quando se tornou cliente habitual há alguns anos. Brayden e Javier conheciam-no há mais tempo.
“Tem alguma informação sobre onde podemos encontrá-lo?”
“Lamento. Não o tenho visto ou ouvido falar dele.”
A agente McBride interrompeu: “E o Javier Acosta? Quando foi a última vez que o viu ou ouviu falar dele?”
Alanna olhou para ela, mas ela estava camuflada pelas sombras no canto. “Javier? O que tem ele a ver com isto?”
O rosto presunçoso da agente da FCCU apareceu. “Ele está desaparecido há algumas semanas, não é? Ele também não é amigo do Paul Haynes — que desapareceu na mesma época?”
Merda! Os federais andavam atrás do Javier. Estavam a vigiar o apartamento dele — não ela.
A agente McBride inclinou a cabeça até que os seus olhos estivessem alinhados com os dela. “Alanna? Javier Acosta — o que nos pode dizer sobre o seu desaparecimento?”
“Ele nunca faria mal a ninguém — ou juntar-se-ia ao AntiAmerica.”
“A vulnerabilidade explorada pelo AntiAmerica contra o Nexus Bank foi descoberta pelo Paul — e pelo Javier. Está a dizer que é uma coincidência?”
Se os feds vasculharam o apartamento de Javier significa que o consideram suspeito dos ataques AntiAmerica. Manter o silêncio já não era uma opção. Ela tinha de atestar a inocência dele. Ou pelo menos apontar a culpa noutra direção. “O Javier é um hacker ético. As empresas pagam-lhe para consertar os seus erros. Ele não as rouba.”
A agente McBride pavoneou-se até à ponta da mesa. “Ele investiga vulnerabilidades de software e invade redes corporativas por dinheiro. Soa mesmo muito aos hackers do СКАЧАТЬ