Suicídio Policial: Guia Para Uma Prevenção Eficaz. Dr. Juan Moisés De La Serna
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СКАЧАТЬ ocorre entre os mais jovens, na faixa de 24 a 29 anos com incidência de 11,84%, mas entre os que têm 30 a 35 anos com uma incidência de 21,71%, ou seja, esses dados vão contra a premissa mencionada sobre o maior índice de suicídio entre os mais jovens devido à maior apresentação de condutas de risco. As possíveis causas dessas discrepâncias podem ser encontradas no fato de que a vigilância durante os primeiros anos de serviço por veteranos nos “recém-chegados” é muito mais rigorosa, justamente para garantir a sua segurança e para que realizem adequadamente o seu trabalho, supervisão que vai “relaxando” ao longo dos anos.

      Indicam que, na população geral, a maior porcentagem de casos de suicídio ocorre em jovens entre 15 e 24 anos e entre idosos com mais de 75 anos (O.M.S., 2009), é justamente nessas idades que os maiores esforços são feitos pelos planos de prevenção devido à incidência de suicídio, mas que no caso da Polícia Nacional nem sequer são contemplados, pois ultrapassam as idades de incorporação ou aposentadoria da corporação; diferenças que também se refletirão nas prioridades das políticas de prevenção que podem ser desenvolvidas a este respeito.

      Em relação à Inteligência Emocional como fator de proteção contra condutas de risco, deve-se destacar que tem sido um conceito que tem sido relacionado à capacidade de gerenciar o estresse, habilidades sociais e até aspectos da saúde. Dentro do mundo do trabalho, hoje em dia a Inteligência Emocional é considerada peça-chave e fundamental em qualquer líder, daí que as escolas de negócio enfatizam esta formação, também se constatou que está relacionada positivamente com melhor desempenho no cargo, e negativamente com o absenteísmo e renúncia ao cargo. Algumas teorias apontam que as pessoas com alta Inteligência Emocional são capazes de conhecer melhor os outros, portanto são mais afetivos nas relações interpessoais, conferindo-lhes certa habilidade para conhecer os pontos fortes e as limitações do interlocutor, mas isso afeta a percepção do outro por nossa Inteligência Emocional?

      É precisamente o que se buscou averiguar numa pesquisa realizada pelo Departamento de Administração e Negócios Internacionais, Universidade de I-Shou (Taiwan) juntamente com a Diretoria e o Departamento de Gestão, Escola de Negócios (Noruega) (Lee & Selart, 2015). No estudo participaram trinta estudantes da escola de negócios, dos quais onze eram mulheres, com uma idade média de 23 anos. Os participantes foram submetidos a uma situação controlada, onde se observava o desempenho de uma pessoa em uma tarefa de resolução matemática, um Sudoku, e logo tiveram que avaliar se essa pessoa poderia resolver outro, mas em um período limitado de três minutos. Foram manipuladas as variáveis correspondentes a dificuldade da segunda tarefa, a possibilidade ou não de ganhar dinheiro por acertar segundo seu nível de confiança na resposta, e a introdução ou não de uma tarefa distrativa entre as duas tarefas.

      Os participantes tiveram que preencher uma prova online sobre Inteligência Emocional chamada Teste de Inteligência Emocional Mayer-Salovey-Caruso (Mayer, Salovey, & Caruso, 2002) onde o desempenho dos participantes foi comparado de acordo com a pontuação no M.S.C.E.I.T., como com alta ou baixa Inteligência Emocional. Os resultados mostram que não existiram diferenças nas previsões de desempenho da tarefa dos demais em função da Inteligência Emocional dos participantes.

      É necessário levar em consideração o limitado número de participantes, e que se trata de uma manipulação experimental com baixa validade ecológica, com a qual é provável que em uma situação real o fenômeno de previsão esperado possa ser observado. Apesar das limitações do estudo tem de se destacar a abordagem inovadora desta pesquisa, que busca conhecer como a Inteligência Emocional possibilita que a pessoa tenha um melhor desempenho social. Embora não pareça que uma maior Inteligência Emocional tenha a ver com acertar as previsões de desempenho de um terceiro em uma tarefa matemática concreta, isso não descarta que não dê à pessoa essa qualidade para outras tarefas, de natureza mais emocional; ou seja, conhecer os pontos fortes e fracos de um interlocutor não significa saber exatamente como vai atuar em todas as tarefas, mas sim que tipo de compromisso e comportamento geral esperar dessa pessoa.

      Algo que sim se consegue comprovar mediante pesquisas posteriores estaria informando que aquelas pessoas com altos níveis de Inteligência Emocional estão melhor preparadas para a hora de conhecer aos demais, daí a vantagem observada nas interações sociais. Um último ponto sobre a Inteligência Emocional é que, ao contrário de outras inteligências, esta se pode melhorar com um treinamento adequado, ou seja, uma vez conhecidas as muitas vantagens que possui sobre o trabalho e o mundo social, pode-se encontrar uma forma de reforçar as próprias habilidades e com isso melhorar a Inteligência Emocional.

      Com o exposto, na medida que seja útil a aplicação da inteligência emocional entre as corporações e forças de segurança na redução das condutas de risco, seria de se esperar que as taxas de suicídio também reduzissem, onde estão incluídos estes acidentes.

      Levando em consideração que o suicídio é, em última análise, um drama para as famílias que sobrevivem, mas também para a corporação que perde um companheiro e agente preparado. Embora as causas associadas ao estresse e a pressão social procurem “justificar” esta conduta entre os agentes das corporações e forças de segurança, deve-se levar em consideração que o ingresso a estas corporações é restritivo e muito exigente, devendo ser submetidos a testes psicológicos específicos e um intenso treinamento posterior tanto físico como psicológico, mas apesar disso, as taxas de suicídio são extremamente elevadas.

      A.R.P. (2019). Estudio y análisis complementarios al plan de prevención de suicidios en el ámbito del cuerpo de la policía nacional.

      El Plural. (2019). Mónica Gracia: “Hay 31 comisarias frente a 366 hombres en el cargo.” Acesso em: 7 de Setembro,2019, disponível em: https://www.elplural.com/sociedad/8-de-marzo-mujeres-policia-nacional-sup-monica-gracia_212280102

      Institut for Public Security of Catalonia. (2013). WOMEN IN POLICE SERVICES IN THE EU FACTS AND FIGURES - 2012. Disponível em: http://ispc.gencat.cat/web/.content/home/ms_-_institut_de_seguretat_publica_de_catalunya/recerca/Estudis-ispc/women_in_police_services/women_in_police_services_eu_2012.pdf

      Kapusta, N. D., Voracek, M., Etzersdorfer, E., Niederkrotenthaler, T., Dervic, K., Plener, P. L., … Sonneck, G. (2010). Characteristics of police officer suicides in the federal Austrian police corps. Crisis, 31(5), 265–271. https://doi.org/10.1027/0227-5910/a000033

      Lana, A., Baizán, E. M., Faya-Ornia, G., & López, M. L. (2015). Emotional intelligence and health risk behaviors in nursing students. Journal of Nursing Education, 54(8), 464–467.

      Lee, W. S., & Selart, M. (2015). When Emotional Intelligence Affects Peoples’ Perception of Trustworthiness. The Open Psychology Journal, 8(1), 160–170. https://doi.org/10.2174/1874350101508010160

      Mayer, J., Salovey, P., & Caruso, D. (2002). Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT) Item Booklet. UNH Personality Lab. Disponível em: https://scholars.unh.edu/personality_lab/26

      Mental Health Commission of Canada. (2018). RESEARCH ON SUICIDE AND ITS PREVENTION: What the current evidence reveals and topics for future research. Disponível em: www.mentalhealthcommission.ca

      O.M.S. (1988). INTERNATIONAL CLASSIFICATION OF DISEASES—NINTH REVISION (ICD-9). Weekly Epidemiological Record= Relevé Épidémiologique Hebdomadaire, 63(45), 343–344.

      O.M.S. (2009). Prevención del suicidio, un instrumento para policías, bomberos y otros socorristas de primera línea. Asociación Internacional Para La Prevención Del Suicidio IASP. Departamento de Salud Mental y Abuso de Sustancias., p. 25.

      O.M.S. (2017). Depression and other common mental disorders: СКАЧАТЬ