Название: Paixão cruel - Três semanas em atenas
Автор: Janette Kenny
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Ómnibus Geral
isbn: 9788413752730
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– Suponho que te referes a Peter – disse ela, com um sorriso amargo. – Mas a resposta é a mesma. Não conheço Peter Bellamy pessoalmente e nunca segui as suas ordens.
– Claro, só de Edouard – disse ele, cuspindo as palavras com raiva. – Escolheu-te bem quando te seleccionou para o seu filho – acrescentou.
Kira sentiu vontade de lhe atirar o jarro de água à cabeça.
– Porque o odeias tanto? – Kira percebeu que, antes de contar o seu segredo a André, devia conhecê-lo muito melhor.
– Porquê? – à pergunta seguiu-se uma gargalhada cáustica e carente de humor. – Edouard Bellamy destruiu a minha família.
Kira sentiu náuseas.
– Foi por isso que planeaste ficar com o Château e destruir Bellamy?
– Pura vingança, ma chérie.
– Mas Edouard morreu.
O sorriso de André fê-la sentir-se como se a tivessem atirado para um mar de gelo.
– Não sabes que os pecados dos pais recaem sempre sobre os filhos?
Kira conseguiu assentir fracamente, embora lhe tremessem os joelhos.
– Mas o que é que Peter te fez?
– É um Bellamy.
Aquela resposta dizia tudo. Porque ela também era uma Bellamy, a filha de Edouard. E o seu filho, o filho dos dois, tinha o sangue dos Bellamy nas veias. Tinha de fugir de Petit Saint Marc antes que descobrisse a verdade, antes que a sua vingança contra os Bellamy a destruísse, a ela e ao seu filho.
Capítulo 5
André observava Kira com intensidade. Ela estava tão pálida que parecia prestes a desmaiar. Viu-a cambalear ligeiramente, tudo por lhe confessar a sua intenção de destruir o império de Edouard Bellamy.
– Foi um dia muito difícil – disse ela, finalmente. – Preciso de dormir.
Ele também, mas estava furioso com o relatório inicial do seu detective privado.
– Acabei de descobrir que Edouard Bellamy pagou a tua educação e o teu carro e que, além disso, te deu o apartamento espaçoso que tinha sido o lar do Peter durante mais de um ano.
– Investigaste-me? – perguntou ela, tensa e sem esconder a sua preocupação.
– Sim.
Era filha de mãe solteira, de «pai desconhecido», tal como dizia na sua certidão de nascimento e fora educada num internato britânico.
– Bellamy deu-te o teu primeiro emprego no hotel de luxo Cygne em Londres. Então, já eras a amante de Peter?
– Não! – protestou ela, com as faces acesas. – Edouard ofereceu-me uma bolsa para continuar com a minha formação, mas eu consegui o emprego através das minhas notas. Não fazia ideia de que o seu filho tinha vivido antes no apartamento que me deram.
André não acreditava em nenhuma palavra.
– Como conseguiu ficar com quarenta e nove por cento do Château Mystique?
– Falaremos disso mais tarde – declarou ela, sem querer dar mais explicações.
Virando-se, quis ir para a porta, mas os seus passos eram incertos e os seus movimentos cambaleantes. André segurou-a, alarmado com a sua palidez e a sua fraqueza.
– Devias ter comido mais – disse ele.
– Não teria conseguido engolir a comida.
– Estás doente? – perguntou ele, preocupado. – Devo chamar um médico?
– Não, a única coisa que tenho é sede e cansaço. O médico disse-me que no meu estado devia tentar beber mais e… – interrompeu-se de repente, ao aperceber-se de que falara mais do que devia.
André fixou os seus olhos semicerrados nela.
– Que estado?
Kira engoliu em seco, mas não desviou o olhar.
– Estou grávida de três meses.
Grávida! André passou os dedos pelo cabelo. Se soubesse, se tivesse a mínima suspeita, nunca a teria obrigado a deixar o Château.
– Claro, estás grávida de Peter.
– Não, de Peter não – disse ela, escapando da sua mão. – Tu és o pai.
Era mentira. Tinha de ser. Contudo, na sua mente, apareceu a imagem clara da única vez na sua vida que se esquecera de usar protecção. Desejara-a tanto que nem sequer lhe passara pela cabeça até ser demasiado tarde.
Agora, pagaria as consequências. Se fosse verdade.
– Quando tencionavas contar-me, ma chérie?
– Ainda não tinha decidido – declarou ela, recriminando-se por não ter sabido guardar o segredo.
Mas ela fora uma filha não desejada, abandonada pela sua mãe e vista pelo seu pai como uma obrigação e não ia permitir que o seu filho passasse pela mesma situação.
– Há provas que demonstrarão se o filho que esperas é do teu amante ou…
– Não porei o meu filho em perigo para satisfazer a tua curiosidade – interrompeu-a ela, levando uma mão protectora à barriga.
– Mon Dieu! Achas que quero pôr a vida de um bebé em perigo?
– Não sei – respondeu ela, sem se deixar intimidar. – Não fizeste nada para ganhar a minha confiança.
– Está bem – admitiu André, passando uma mão pelo queixo e amaldiçoando o leve tremor que lhe agitava o braço.
De certeza que o bebé era de Bellamy, mas também podia ser dele.
– Para mim, o mais importante é a saúde do meu filho – disse ela e ele assentiu em silêncio. – Deixa-me voltar para o Château. Tenho de ver o meu médico regularmente…
– Farei com que venha um obstetra de Martinica ver-te semanalmente…
– Semanalmente? Não pensarás deixar-me aqui raptada?
– Não raptada, mas sim, ficarás na ilha durante a gravidez.
«Até se provar a paternidade», pensou Kira, com irritação. Petit Saint Marc seria a sua prisão durante os próximos seis meses, a menos que ela fosse capaz de derrubar o muro de ódio que André erguera. Até ela conseguir ganhar a sua confiança.
– Não era a minha intenção deixar que descobrisses assim СКАЧАТЬ