Terra em Fogo. Barbara Cartland
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Название: Terra em Fogo

Автор: Barbara Cartland

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland

isbn: 9781788674089

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СКАЧАТЬ a escrivaninha e várias poltronas de couro em estilo masculino, achou que ali devia ter sido o escritório do vice-presidente.

      Na parede de frente para a janela, havia numerosos retratos, todos de oficiais usando o uniforme real, branco com enfehes dourados, de calças muito justas. Medalhas, espadas e botas reluzentes faziam com que parecessem imponentes, mas, ao mesmo tempo, quase inumanos, como bonecos.

      Lucilla examinou os retratos, achando que o do centro era o presidente de Quito, o General Aymarich; o que estava à sua direita devia ser o vice-presidente e Dono daquela casa.

      O homem à esquerda do presidente chamou a atenção de Lucilla de um modo estranho, a ponto de não olhar mais para os outros. Parecia mais alto, de ombros mais largos. Tinha cabelos escuros, olhos frios e duros, um nariz aquilino característico da nobreza espanhola, boca firme, mas não cruel. Havia nele, embora Lucilla não pudesse explicar por que, uma espécie de reserva, uma atitude orgulhosa.

      Não soube dizer por que ele a atraía tanto, pois, desde que chegara a Quito, dizia a si mesma que, se as histórias a respeito dos espanhóis eram verdadeiras, então mereciam o que tinham sofrido.

      Mas esse homem era diferente... seria mesmo?

      Talvez fosse mais culpado do que os outros, porque, não apenas parecia bem-educado, como extremamente inteligente.

      Ele devia ter sabido, devia ter compreendido que a maneira como tratavam os índios era errada, que a fortuna que os espanhóis tiravam do país devia servir aos que ali viviam e que sua fidelidade à Espanha devia ser temperada com um pouco de amor pela América do Sul.

      «Estou sendo ridícula! Por que iria ele sentir isto?».

      Mas seus olhos de novo se fixaram no retrato. Havia nele qualquer coisa que a atraía, embora não soubesse a razão.

      Depois, sob o retrato, viu o nome dele:

      « DON CARLOS DE OLAÑETA »

      Certamente era espanhol, um nobre, um soldado, um homem que talvez tivesse sido tão cruel como todos os outros, cruel a ponto de chegar à bestialidade, conforme algumas pessoas lhe contaram em Quito.

      —Não acredito! — disse em voz alta.

      Depois, não compreendendo os próprios sentimentos, - saiu da sala, fechando silenciosamente a porta.

      Sabia que voltaria ali. Enquanto caminhava pelo pátio florido, vendo o sol brilhar na fonte, sabia que voltaria para olhar de novo para aquele homem cujo rosto já estava gravado em sua mente.

      Catherine voltou para casa à tarde, corada de excitação.

      — Ouviram as notícias?— perguntou, ofegante.

      — Que notícias?

      — O General Bolívar está a caminho. Vem para Quito! Vai haver uma grande receção! Um baile na mansão Larrea, e todos nós fomos convidados. Até mesmo você, Lucilla!

      O que Catherine havia dito foi repetido e repetido, até Lucilla não agüentar mais ouvir o nome de Bolívar.

      A cidade inteira estava decidida a celebrar a vitória dele e a liberdade do povo. Aquelas pessoas geralmente calmas e pacatas ficaram excitadíssimas.

      Durante todo o dia, soldados marcharam pelas ruas e nos campos, treinando.

      Alguns se sentavam à porta das casas, limpando seus mosquetes, ou vagavam à procura de cantinas que vendiam cerveja de cereal fermentado, que deixava no ar um cheiro forte e adocicado.

      Havia. soldados por toda parte. Por ordem do comandante, todas as casas estavam sendo pintadas, para celebrar a libertação.

      Para Lucilla, era o mesmo que ver um artista derrubar uma paleta, à medida que casas de adobe de um andar começavam a adquirir uma aparência diferente, pintadas de cor-de-rosa, azul, verde ou vermelho, por índios tagarelas que espalhavam tinta nas paredes com um descuido que indicava sua excitação.

      A cidade inteira começou a vibrar, enquanto alguns prisioneiros ainda eram levados até o mar.

      Cansados e com olhar vidrado, lá iam eles, escoltados por guardas que carregavam bandeiras da República de Gran Colômbia.

      Os homens capturados não tinham traços espanhóis, conforme Lucilla notou. Tinham rosto redondo, cor de cobre, e os olhos puxados dos índios.

      Também os guardas tinham traços índios. Usavam uniformes rasgados, verdes, com enfeites dourados. Andavam descalços, com os pés enfiados em estribos de cobre, com formato de sapatos, tendo nos calcanhares enormes esporas com rosetas.

      Parecia tudo muito estranho. Embora estivesse satisfeita por saber que a guerra tinha acabado e que os libertadores venceram, Lucilla não podia deixar de imaginar quantos dos prisioneiros chegariam até o mar, quantos morreríam no caminho.

      Quito não estava mais preocupada com prisioneiros, e sim se preparando para receber o homem que todos já começavam a adorar como um deus. A população era um estranho conglomerado de trinta mil pessoas, das quais, antes da revolução, apenas seis mil eram de puro sangue espanhol.

      Os mestiços, os cholos, compunham mais de um terço; eram os barbeiros, os comerciantes, os artesãos, os amanuenses, os entalhadores. Tinham sido o forte da revolução, contribuindo muito para a vitória.

      Os índios formavam o grosso da população. Trajando calças de algodão até os joelhos e ponchos de lã, eram os fazendeiros, os trabalhadores que faziam com que as rodas da cidade girassem, embora não lhes fosse atribuído esse mérito.

      Mas agora todos, com exceção dos espanhóis que estavam em esconderijos, eram movidos por um único pensamento, uma só ambição: dar as boas-vindas ao homem que modificara a aparência da América do Sul: Simón Bolívar.

      — Não está excitado com a idéia de ir conhecê-lo?— perguntou Catherine ao pai, dois dias antes da chegada de Bolívar.

      — Acho que ele vai gostar de me conhecer— respondeu Sir John.

      Lucilla olhou vivamente para o pai.

      —Pretende vender suas armas a eles?

      —Estou disposto a vender a quem me pagar.

      Lucilla ficou imaginando se o General Bolívar poderia fazer isso. Tinha ouvido contar que ele havia gastado sua imensa fortuna em guerras. Os homens de seu exército não receberam nem a metade do que lhes havia sido prometido e estavam com falta de armas.

      Se fosse verdade, era ainda mais incrível que tivessem derrotado os espanhóis, que possuíam recursos ilimitados.

      Lucilla sabia que, quando se tratava de negócios, o pai não era nada sentimental. Para dizer a verdade, nada havia de generoso nele. Fizera sua fortuna com o lema “pagamento à vista”.

      De repente, ela teve receio de que Bolívar não estivesse em condições de fazer negócio com ir John. Então, para quem iriam as armas? Talvez, para os espanhóis.

      Estes ainda não estavam derrotados. Corriam boatos de que os exércitos realistas procuravam se reunir no alto dos Andes. E, em Lima, СКАЧАТЬ