Название: Dance, Meu Anjo
Автор: Virginie T.
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Современная зарубежная литература
isbn: 9788835414186
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Ela lhes dá um olhar carregado ao qual eles só podem responder afirmativamente.
— Claro, Caitlyn. Estamos felizes por você.
Não é o mesmo que ter orgulho, mas contento-me com isso. Sei que não obteria nada melhor da parte deles. Retomamos nossa caminhada lentamente.
— Só queria lhe mostrar algo que não fosse a dança. E, além disso, gostaria de apresentá-la a Baraqiel.
— Seu vizinho?
Ela aquiesce, balançando a cabeça.
— A senhora nunca me disse o nome dele. É muito estranho.
— Não o julgue sem conhecê-lo. É um anjo, minha querida.
Mas é claro! Minha avó ama a todos, sem qualquer distinção. A conversa bem humorada poderia ter terminado aqui, mas foi evidentemente necessário que minha mãe interviesse assim que se sentou à mesa.
— De qualquer forma, você sabe que Caitlyn não tem tempo para o amor, minha sogra. Ela teria que estar interessada em alguém que não fosse ela mesma, e isso não vai acontecer logo.
Minha mãe está cada vez mais ácida. Pergunto-me por que ela se força a vir me ver quando é evidente que não deseja fazê-lo. Provavelmente, minha avó tem a ver com isso. Ela sabe ser muito persuasiva. Gostaria de poder dizer à minha família que a amo, mas tal exigiria que meus pais me aceitassem como sou, e eles nunca aceitaram. Agora, já é tarde demais e meu silêncio é sempre visto como uma rejeição. Na verdade, é mais uma aceitação da situação. Como sempre, minha avó serve de amortecedor em nossos relacionamentos conflituosos. Acredito que, sem ela, não haveria nenhuma interação entre meus pais e eu.
— Vamos pedir. Está ficando tarde para uma velha como eu.
Escolho meus pratos, mas sinto-me oprimida entre o silêncio pesado em nossa mesa e o rebuliço das conversas dos outros clientes. Minha avó me conhece bem e aperta a minha mão por debaixo da mesa.
— Pode ir, você tem tempo.
Levanto-me rapidamente, ignorando minha mãe, que já começa a reclamar. O ar livre me faz muito bem. A leve brisa acaricia minhas pernas nuas e deixa minhas faces rosadas. Aproveito o silêncio da noite para dar alguns passos antes de me recostar na parede e revirar os olhos. Não há uma única nuvem e as estrelas brilham neste lindo tapete de veludo preto. Eu poderia ficar ali por horas, para deixar aquela paz invadir minha alma aflita. Quando criança, sonhava em voar para longe e dançar em uma nuvem. No entanto, o som de passos à minha esquerda me faz pular e perceber onde estou. Sou uma mulher solitária, em um beco escuro de Nova York. Endireito-me, sentindo um desconforto tomar conta de minhas entranhas. Recuo para alcançar a porta do restaurante. Não fui muito longe e, no entanto, a distância de repente parece imensa. Sinto que alguém está me seguindo. Estou certa disso. Passos. Respiração forte. Não gosto disso e uma angústia incômoda aperta o meu estômago, enquanto o coração bate forte. Acelero o passo, aliviada por finalmente alcançar meu objetivo, e agradeço ao porteiro, que toma a dianteira e me deixa passar sem eu ter que diminuir a velocidade. Sob a proteção das portas de vidro, viro-me, mas vejo apenas a rua deserta e silenciosa. Não há ninguém à vista. Meu coração volta a um ritmo mais calmo, mas minha cabeça continua presa no modo de ansiedade. As emoções se misturam dentro de mim, ameaçando provocar uma crise de autismo como eu não sentia há muito tempo. Refugio-me em uma das cabines de banheiro com chave e me encolho até o chão, balançando para frente e para trás. Preciso dançar para trazer à tona o medo que me consome, só que é impossível agora. Então, tento me concentrar em mim mesma e limpar a mente. Mas é mais fácil falar do que fazer!
Então, ouço o barulho de saltos nos ladrilhos na frente da minha porta. Instintivamente, dou um passo para trás, mas sou bloqueada pelo vaso sanitário atrás de mim.
— Caitlyn Cat? Você está bem? Eu a vi na entrada, mas você não voltou para a mesa.
Ouvir a voz da vovó me faz muito bem. Escolho me concentrar nisso, na minha avó e em sua voz, contando na minha cabeça. Inspirando, um, dois, três, quatro. Expirando, um, dois, três, quatro. Repito o exercício cinco vezes consecutivas. Minha avó, depois de dar uma volta por todas as cabines, para em frente à minha porta.
— Abra, Cat. Tenho certeza de que você está aqui.
Estendo a mão para destrancar a fechadura e a vovó a abre lentamente. Seus olhos estão tristes quando os pousa em mim. Ela se agacha na minha frente e acaricia meu cabelo como sempre faz quando percebe que estou aflita.
— O que está acontecendo, querida?
Não quero falar sobre isso. Não agora, e especialmente ali. Vou lhe contar tudo. Preciso contar. Mas o farei em casa, na segurança do meu lar. Se realmente ainda estiver em segurança lá, algo de que não tenho mais certeza.
— Seus pais a amam, Caitlyn Cat. Só que eles não sabem como se comportar perto de você. Não conseguem entendê-la.
— Eu sei, vovó. Não importa.
Prefiro que ela coloque a culpa da minha reação nesta refeição desconfortável, pelo menos por enquanto.
— Vamos, querida. Não fique no chão, você pegará um resfriado neste ladrilho gelado.
Ela me ajuda a me levantar e ajeita a barra do meu vestido, que está ligeiramente puxada para cima.
— Você já passou da idade de mostrar a calcinha, minha querida.
Sua observação me arranca um sorriso e vamos para nossa mesa de mãos dadas.
— Finalmente você está de volta. Nossos pratos já foram servidos há séculos e logo esfriarão. O que estava fazendo, Caitlyn? Distribuindo autógrafos?
Eu poderia rir, se não tivesse vontade de chorar. Minha mãe tem certeza de que prefiro o estrelato à vida familiar com eles. Como está errada! O que escolhi é a normalidade, a liberdade. No final das contas, escolhi libertar minha mente de todos os sentimentos que me bombardeiam o tempo todo, para viver uma vida mundana, embora a maioria das pessoas não a ache tão mundana assim. É verdade que uma foto minha, com roupas de bailarina, está na metade dos ônibus da cidade e que regularmente apareço em revistas especializadas. No entanto, tudo o que vejo é que faço o que amo. E até os últimos tempos, eu seria capaz de ignorar todo o alarido ao meu redor.
— Você poderia pelo menos se sentar, para que possamos finalmente começar!
— Desculpe. Claro.
Na verdade, como sempre, eu estava perdida em meus pensamentos e permaneci parada ao lado da mesa. Sento-me então na minha cadeira e a refeição se desenrola como todas as outras, em um silêncio quase religioso, apenas interrompido por frases da minha avó que tenta desesperadamente renovar o diálogo entre nós.
— Talvez possamos visitar a cidade juntos amanhã.
— Certamente não! Sem dúvida, nossa estrela nacional tem coisas melhores a fazer do que passar tempo conosco.
Definitivamente, é isso. Minha mãe nunca irá me perdoar por ser quem sou: independente. Quando fui diagnosticada com transtorno autista, ela ficou aborrecida, meus acessos de raiva eram incontroláveis, СКАЧАТЬ