Название: Sumalee
Автор: Javier Salazar Calle
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Приключения: прочее
isbn: 9788835414155
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— Se querem que eu os deixe em paz, é só me dizerem, manés.
— É brincadeira! Você sabe. Mas não te fará mal conhecer gente nova e tomar um bom porre.
— Isso, sim, eu sei. Estou cansado de choramingar pelas esquinas como um trouxa. Vamos ver se conhecemos um trio de belas australianas precisando de carinho. Porque de espanholas já me fartei por um bom tempo. O que preciso é um pouco de exercício de quadril. Você me entende — disse, fazendo um nada discreto movimento para frente e para trás.
— Esse é meu garoto! Vamos dizer a Dámaso e combinamos.
Levantei e fomos contar os planos a Dámaso. Naquele sábado arrasaríamos Cingapura.
O resto da manhã pareceu eterno. Todo mundo falava dessa grande festa para espanhóis à nossa volta. Todos faziam planos e riam pensando nas coisas que fariam. Saímos os três para correr com Diego algumas tardes para tentar liberar a tensão e nos concentrarmos em outra coisa, mas todos os esforços foram infrutíferos; e olha que forçamos tanto que nossas pernas ficaram doendo a semana toda. Até a partida de basquete da liga das empresas não foi mais que uma desculpa para falar do mesmo assunto.
Finalmente, chegou o sábado. A festa era no começo da noite. Assim, de manhã me levantei cedo e desci para a academia. As pernas estavam destruídas, mas tinha muito que trabalhar nos braços. Depois, fui com Diego em uma sessão matinal do cinema, na rede Golden Village Cinema, a quinze minutos andando de nossos escritórios. Eram salas com assentos grandes, muito espaço para esticar as pernas e em que às vezes passavam ciclos de cinema clássico. Estavam passando alguns dos melhores filmes de ficção científica de sempre e Diego e eu estávamos com pique para todos. Ver de novo Alien, Guerra nas Estrelas, Dune ou Blade Runner na tela grande não tinha preço. Nós éramos fanáticos pelo gênero.
Depois do filme, que era Matrix naquele dia, comemos em um restaurante de comida rápida chamado Mos Burger que, como o próprio nome diz, servia hamburgueres. Era a semana do hamburguer japonês e tinham alguns ingredientes muito estranhos, como shoyo e missô. No fim, não me entusiasmei muito. Onde tivesse um bom hamburguer com molho barbecue, queijo, tomate e cebola, preferia que deixassem de foras os experimentos estranhos. Então, fomos cada um para sua casa para tomarmos um bom banho e nos prepararmos para a festa, que começaria pouco depois, às sete da noite.
Quando cheguei em casa, Dámaso e Josele estavam em plena animação preparatória. Josele estava ocupado diante do espelho do banheiro com seu pequeno topete, que lhe dava um ar de “Rei”, e Dámaso olhava as roupas do armário com tanta concentração que parecia que estava jogando a mais difícil das partidas de xadrez da história. Aproveitei para tomar uma ducha e escolher um conjunto de roupas elegantes, mas nada exagerado. Não queria humilhar, mas também não queria parecer um Don Juan. Quando estávamos todos prontos, descemos até a rua, onde já esperava o táxi que tínhamos chamado, e fomos para a festa. Em quinze minutos estávamos na porta.
A entrada era uma estrutura de cristal com a palavra Avalon em letras fluorescente. Era vizinha da Marina Bay, por isso, a vista do outro lado da baía, incluindo os prédios onde trabalhávamos, era impressionante, com todos esses altos edifícios iluminados. Não deixava nada a desejar às vistas noturnas de Manhattan, em Nova Iorque, do Brooklyn. Entramos quando a festa tinha acabado de começar, por isso não havia ainda muita gente, e pudemos escolher um bom lugar para ficar. Nas festas acontecia o mesmo que com o marketing na Internet. As três chaves eram: posicionamento, posicionamento e posicionamento. Por dentro, havia um ar de nave industrial e com todas as luzes e a música, me lembraram o movimento ciberpunk, muito parecida com a ambientação do filme Blade Runner que Diego e eu iríamos ver na semana seguinte. Ao fundo, em uma plataforma com muitíssimos pontos de luz na parede que se acendiam e apagavam de forma aleatória, estava o DJ, tocando música eletrônica. Para mim, o nome dele não dizia nada, mas a verdade é que música não parecia ser sua especialidade. Parecia até que não tinha nem ideia do que estava fazendo. De qualquer forma, parecia ser conhecido aqui, porque quando o anunciaram, as pessoas ficaram loucas.
Tínhamos combinado com dois colegas de trabalho, e pouco a pouco foram chegando até que éramos mais de vinte. Na verdade, espanhóis eram cinco: Teresa, Dámaso, Josele, Diego e eu. Eu achava estranho falar em inglês com meus amigos espanhóis, mas fazia isso por cortesia ao resto do grupo, que não falava espanhol. Ficamos bebendo e dançando, rindo e contando histórias engraçadas de coisas que tinham acontecido com eles naquele lugar. Na festa, mais de 80% dos que estavam ali deviam ser expatriados ou, pelo menos, tinham cara de ocidentais. Em muitos dos grupos de pessoas ouvia-se falar em espanhol.
Ao nosso grupo, juntaram-se mais espanhóis que eu não conhecia. Dois rapazes e duas garotas. Dámaso, como não podia deixar de ser, conhecia a todos e me apresentou.
— David, este é Nacho. Não sei se ouviu falar de um fotógrafo chamado Ignacio Ínsua.
— Não, mas também não estou muito por dentro do mundo da fotografia.
— Bom, tanto faz. É ele. Josele o conhecem em uma exposição de fotos há algumas semanas. Na Espanha, ele expôs em vários museus e centros de arte. Uma atriz local conhecida logo notou seu trabalho e ele veio para cá com ela para fazer um book e desde então vive aqui. É o fotógrafo dos famosos e dos grandes eventos em Cingapura. Além de ser um bom jogador de golfe, claro.
— Prazer, Nacho. Vejo que já conhece Dámaso. Espero que se dê bem aqui e que possa ser meu fotógrafo particular, porque no golfe não acho que nos encontraremos. Eu sou mais de esportes de ação.
— Claro que sim, isso seria excelente. Um cliente espanhol que possa pagar minhas nada moderadas comissões. Prazer, David.
— Sempre posso pilotar um barco para uma sessão de fotos em alto mar e tirar uma graninha extra.
— Está falando sério? Às vezes fazemos books e anúncios em barcos. Preciso de vez em quando de um motorista.
— Claro — disse, sorrindo pelo uso da palavra “motorista” em vez de “piloto”. — Tenho o título de Capitão de Iate. Adoro a navegação. Conte comigo quando quiser. Tudo com relação a navegação me parece ótimo.
— Não me esquecerei.
Dámaso continuou com as apresentações.
— Estas duas morenas tão lindas são namoradas e se chamam Elena e Raquel. Elas têm uma doceria de produtos sem glúten.
— Olá. Dois beijos, né? Por que vieram a Cingapura?
— Queríamos conhecer outro país e vimos que aqui também havia celíacos, como em todo lugar, mas não tinham muitas lojas dedicadas a eles — explicou Elena, enquanto eu dava dois beijos em Raquel.
— Eu tinha um amigo celíaco em Madri. Alguns dos doces que ele comia eram tão bons quanto os normais. Não saberia diferenciá-los. Um dia quero passar na loja de vocês para prová-los.
— Quando quiser — disse Raquel. — Aqui está um cartão.
— Obrigado. Vejo que está preparada. Gosto disso. E você, como se chama? — disse, dirigindo-me ao quarto do grupo. — Eu continuo sendo David… — respondi, sorrindo.
— Me chamo Pamos, Juam Pamos — disse, imitando o estilo James Bond.
— Cuidado СКАЧАТЬ