Sumalee. Javier Salazar Calle
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Название: Sumalee

Автор: Javier Salazar Calle

Издательство: Tektime S.r.l.s.

Жанр: Приключения: прочее

Серия:

isbn: 9788835414155

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СКАЧАТЬ chutes, por último, joelhadas e cotoveladas, como os que via os presos que treinavam no pátio fazerem. Como disse Channarong, o guerreiro dos oito braços. Como ninguém falava comigo por medo de também se tornarem alvo dos que me batiam, eu tinha muito tempo para pensar. Em uma das minhas reflexões diárias, tinha considerado que, além de conseguir a melhor forma física e de tentar melhorar minha técnica e velocidade, deveria também enrijecer meu corpo e acostumá-lo aos golpes. Por isso, acrescentei a minha rotinha uma série de golpes com punhos, cotovelos, canela e dorso da mão na parede, usando pedaços de pano como atadura e começando com menos intensidade. Às vezes, exagerava com os golpes e ficava com alguma parte do corpo inchada por alguns dias, mas considerava isso necessário para ensinar a meu corpo a superar a dor. Quando meu ânimo fraquejava no treinamento, eu só tinha que me lembrar de alguns dos meus inimigos antagônicos da juventude ou de qualquer uma das surras recebidas; de mim no chão, sendo alvo de pontapés e golpes, encolhido como um animal e esperando que tudo acabasse. Então, aumentava o ímpeto dos golpes, o esforço do treinamento, tirando forças da fúria, ânimo do medo, intensidade do desespero.

      Também tinha que aumentar muito minha resistência, por isso, dedicava meu tempo a correr sem parar no pátio; o que meus perseguidores comemoravam com piadas e risadas porque deviam pensar que eu estava treinando para fugir deles. Para mim, ao mesmo tempo, servia como terapia. Nem sempre gostei de correr. Logo que comecei a treinar boxe em Madri, tive que acrescentar rotinas de corrida para ganhar resistência e poder aguentar de pé um combate completo. Era extenuante, mas necessário. No fim, correr meia hora todos os dias se provou um alívio estabelecido para doutrinar meu corpo e mente.

      Logo seria meu momento e a situação mudaria completamente. Logo essas risadas se transformariam e gritos. Gritos de dor. Pelo menos era nisso que eu acreditava. Era isso ou a morte.

      Não havia outra alternativa.

      Finalmente, segunda-feira. Primeiro dia de trabalho. Levantei às seis e meia da manhã, comecei o dia com café, cereais e um copo de suco. Um café da manhã completo. Meus colegas de apartamento me contaram, enquanto isso, que o que eles, e muita gente, costumavam fazer era tomar café da manhã no trabalho, na cafeteria da empresa, onde havia bebidas, frutas, pães e bolos grátis, ou nos estabelecimentos do edifício, se queiram algo diferente. Assim, podiam conversar um pouco com os colegas antes de começar o trabalho. Às vezes tinha gente que tomava de café, principalmente da Ásia, o mesmo que comemos nas outras refeições: macarrão, sopas, legumes refogados… Era muito curioso vê-los comer assim a essa hora da manhã. Me vesti e esperei dez minutos até que os outros estivessem prontos.

      Entre uma coisa e outra, nos atrapalhamos e decidimos pegar um táxi para o trabalho. Por apenas dez dólares cingapurenses, que Josele pagou, em quinze minutos estávamos à porta do nosso edifício, em uma pracinha que havia na entrada, como a dos hotéis onde paravam os carros para se descarregar as malas.

      A área era um complexo de quatro arranha-céus de cor branca com planta octogonal chamado Raffles City Tower. Pelo visto, era um conglomerado com shopping, escritórios, centro de convenções, restaurantes e dois hotéis que ocupavam duas das torres. Cada edifício devia ter quarenta ou quarenta e cinco andares. Impressionante. À direita da entrada onde estávamos havia um bar que se chamava Salt Tapas & Bar, um nome premonitório para os espanhóis, como o da nossa casa. O destino, no qual não acreditava, parecia me dizer que eu estava onde tinha de estar.

      Nossos escritórios ficavam no 36º andar da torre de escritórios Raffles City Tower. A vista devia ser espetacular. Na entrada, como era meu primeiro dia, tiveram que me identificar e criar meu cartão de acesso permanente. Quando me entregaram, subimos de elevador até o escritório. Nosso andar tinha a vista livre, quase sem paredes, salvo pelas salas de reunião. Enquanto me levavam até onde estava aquele que seria meu gerente, cruzei com Teresa e Diego. Nos cumprimentamos rapidamente e combinamos de nos ver em breve na cafeteria do andar. Depois, Dámaso foi para sua mesa trabalhar e Josele me levou até Amit Dabrai, um indiano que era meu novo chefe.

      Amit era uma pessoa muito seca e prepotente. Ele me contou em linhas gerais em que consistia o projeto como se estivesse me fazendo um favor e me mostrou meu posto de trabalho, onde meu notebook já estava me esperando. Assinei todos os papeis da entrega do computador e do celular e me instalei em meu lugar. Amit compartilhou comigo uma pasta na nuvem como toda a documentação e me disse que Jérôme, a quem me apresentou como o colega no projeto que tinha me designado, me contaria o que era mais importante ler para começar. Nisso, sim, ele insistiu que eu devia me colocar a par muito rápido e que esperava que naquela mesma semana eu começasse a trabalhar a todo vapor. Grande chefe arrogante e sério que me deram! Me lembrava muito um que tive em um projeto na Espanha.

      Jérôme, que era francês, acabou sendo um cara totalmente diferente de Amit. Ele era doido, mas muito louco. Defini-lo como extrovertido era dizer o mínimo. Além disso, ele tinha um entusiasmo e uma vitalidade contagiosas e parecia estar sempre de bom humor. Falava um inglês com marcadíssimo sotaque francês – me custou acostumar-me a ele e escutá-lo sem rir. Ele me disse quais eram os principais documentos que deveria ler e me fez uma apresentação do projeto de quase uma hora, destacando o que era importante de verdade: em que consistia, o que se esperava de nós, em que ponto dele estávamos e quais eram os próximos passos que tínhamos que dar. Tudo isso depois de ir ao refeitório e conversar animadamente com Tere e Diego.

      No meio da manhã, Josele me acompanhou até uma filial do banco POSB para eu abrir uma conta. Ele tinha conta no mesmo banco, que era um estatal do departamento de correios que funcionava muito bem. Segundo tinha me contado, por ser um paraíso fiscal, abrir uma conta era um processo muito simples. Me pediram o número FIN, que era como o documento de identidade. A empresa tinha agilizado para mim com o visto de trabalho, mas, pelo visto, era possível abrir uma conta sem ele e entregá-lo quando o tivesse. Tudo era fácil. Emitiram um cartão de débito para mim na hora e me deram minhas chaves para operar por internet e telefone.

      Não muito longe havia um escritório exclusivo para banco privado.

      — Ali, com um bom maço de notas, não é necessário nem identificarem você — disse Josele, olhando para mim com uma cara travessa. — Ainda que não possam dizer isso abertamente, claro. Essa gente facilita tudo para receber dinheiro.

      — Que nada, espero conseguir ser cliente deles — assegurei, rindo.

      Uma vez feitos os trâmites, voltamos para o escritório.

      Josele se aproximou sorridente da minha mesa no trabalho.

      — Adivinha, adivinha!

      — Não sei. Tem algum abacaxi para me passar que precisa que eu termine antes do fim da semana? Estou cheio de coisas aqui tentando ficar em dia com isso, mas ajudarei você no que puder.

      — Não! Muito melhor.

      — Vamos ver.

      — Neste sábado temos uma festa na Avalon, uma das baladas da moda. A que comentei com você que fica do outro lado do rio, ao lado do Museu de Artes e Ciência.

      — Cara, não me surpreende muito. Tenho a impressão de que todos os sábados temos uma festa.

      — Esta é especial. É uma homenagem aos expatriados espanhóis. Estará cheio de espanhóis e de expatriados de outros países. É a sua oportunidade de conhecer gente de todo tipo e lugar!

      — Já conheço vocês, acho que não preciso de mais do que isso nos próximos cinco anos… — Sorri, contente СКАЧАТЬ