Название: A Danúbio ao Entardecer
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782137863
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O Duque fez um pequeno gesto com a mão.
—Sem dúvida ele a amará. Um aristocrata só se casará se estiver certo de vir a apaixonar-se pela mulher que irá desposar. Eu me apaixonei por sua mãe. É comum um aristocrata aceitar o que os franceses chamam de “casamento por conveniência” por fazer questão de que sangue azul se una a sangue azul. Uma linda noiva é sempre muito desejada para dar continuidade a uma linhagem.
—A meu ver, isto soa tão frio e sem romantismo, papai!
—Aletha protestou depois de ter ficado pensativa por um momento— até parece que não se trata de um casamento, mas da escolha de uma mercadoria no balcão de uma loja.
—Não é bem assim — o Duque retrucou de modo incisivo.
—Prometo-lhe que não a forçarei a se casar com um cavalheiro de quem não goste.
—Tudo o que desejo é amar alguém que me ame pelo que sou e não por ser sua filha.
—Muitos homens a amarão por você mesma. Porém, quando a questão for casamento, acredito que eu estarei muito mais capacitado do que você, com tão pouca idade, a escolher o homem certo para ser seu marido, de modo a assegurar sua felicidade, filha adorada.
—Por que diz isso?
—Porque uma jovem ingênua pode muito bem se deixar enganar por um homem que tenha “lábia”, como se diz comumente. Minha filha, nem sempre um homem controlado, bem-educado e bem-nascido tem o dom de saber usar palavras doces e românticas!
—Em resumo, o que você está querendo dizer, é que eu sou capaz de me deixar impressionar pelas palavras de um homem, ainda que não sejam sinceras— Aletha concluiu.
—Há homens loquazes, desenvoltos e capazes de se mostrarem encantadores quando a questão é dinheiro e título de nobreza— o Duque observou com ceticismo.
Aletha permaneceu em silêncio, não ignorava que qualquer homem da Inglaterra iria considerar um privilégio e uma honra ser genro do Duque de Buclington. E ela era sua única filha.
Mesmo tendo um irmão, o qual no momento se encontrava na Índia como ajudante-de-ordens do Vice-Rei, que herdaria a maior parte da fortuna paterna bem como o título de nobreza, Aletha possuía uma grande fortuna, herança materna, e teria ainda participação no dinheiro do pai.
Ela seria tola demais, se não compreendesse que uma jovem como ela poderia ser vítima de caçadores de dotes que se vangloriariam do grande triunfo de tê-la conquistado. Como ela dissera, se isso acontecesse, teria sido escolhida não por si própria, mas pelo dinheiro e título do pai.
—Até o momento não tivemos a oportunidade de tocarmos nesse assunto, filha, mas eu pretendia falar sobre isso com você antes de irmos para Londres para a temporada. Minha querida, tudo o que você tem a fazer é ser sensata e deixar este assunto aos meus cuidados. Desde criança você tem confiado em seu pai e não posso acreditar que agora não fará o mesmo.
—Amo-o muito papai, e claro, confio em você, mas quero me apaixonar como você e mamãe se apaixonaram.
—Um amor como o nosso só acontece uma vez em um milhão de anos! Assim que entrei no salão e vi sua mãe, soube que eu havia encontrado a jovem, fosse ela quem fosse, viesse de onde viesse, que haveria de ser minha esposa!
—Mamãe também me dizia que ao conhecê-lo soube que havia encontrado o homem de seus sonhos.
—Fomos felizes, querida, imensámente felizes.
Aletha notou a nota dolorida na voz do pai, era sempre assim toda vez que ele falava na esposa.
—É o que eu também quero encontrar, papai. Como mamãe, desejo encontrar… o Príncepe dos meus sonhos!
—Nesse caso, reze para que isso aconteça!
Embora o Duque falasse com sinceridade, Aletha sabia que o pai duvidava que fosse possível existir, um amor tão pleno quanto o dele e da esposa. Como ele dissera, isso só ocorria uma vez em um milhão de anos.
—Já que partirei amanhã bem cedo, creio que devo ir para a cama— o Duque disse, erguendo-se—, não se preocupe com nada, minha querida. Quando eu voltar, conversaremos sobre este assunto antes de irmos para Londres— ele abraçou a filha—, faça seus passeios a cavalo e procure distrair-se. Prometo que mais tarde vou recompensá-la destas duas semanas entediantes.
—Vou sentir muita saudade, papai.
—Também sentirei saudade de você, minha doçura.
O Duque e a filha subiram a escada abraçados. À porta do quarto de Aletha, ele beijou-a afetuosamente e seguiu pelo corredor em direção aos próprios aposentos, pensando nos jovens aristocratas que vira recentemente na corte.
Não deixava de ser uma tarefa difícil escolher um cavalheiro que lhe parecesse digno de ser marido de sua filha. Em cada um deles sempre havia um ou mais defeitos.
Sua percepção lhe dizia que, se um daqueles nobres viesse a se casar com Aletha, não lhe permaneceria fiel depois do primeiro ano de casamento.
«Hei-de encontrar alguém», o Duque pensou, decidido, ao entrar sob as cobertas.
Já trocada para dormir, Aletha afastou as cortinas e ficou à janela. O céu estava estrelado e a lua cheia permitia uma boa visibilidade.
A noite estava fria, os raios do luar tornavam o lago um espelho de prata. Sob os carvalhos vetustos, os narcisos que acabavam de desabrochar formavam um verdadeiro tapete.
Normalmente Aletha se emocionava com a beleza de Ling e tudo que dizia respeito àquela casa e aos que ali viviam. Porém naquele instante ela mostrava-se alheia ao encanto da noite. Um único pensamento a atormentava; teria de partir, deixando tudo o que amava e que lhe era familiar, para ir morar com um estranho numa casa também estranha.
Teria criados estranhos e não aqueles que a cercavam e que vinham cuidando dela desde que nascera. Teria parentes estranhos que a criticariam e desaprc variam o que quer que ela fizesse.
Seria difícil encontrar um marido que cavalgasse tão bem quanto seu pai ou como ela própria.
«Não poderei suportaria», pensou. «Desejo amar e ser amada. Só o amor fará até mesmo uma casinha parecer maravilhosa... e ele estará lá».
Seu pensamento voltou-se para a Imperatriz Elizabeth. Ela era amada por tantos homens devido a sua beleza e talvez também retribuísse esse amor. Mas Aletha desejava para si mesma algo diferente.
Desejava amar, viver uma união feliz, tão feliz que o mundo fora do seu lar não importasse. Um casamento no qual o que contava era o amor entre ela e seu marido.
Erguendo a cabeça, ela fitou a lua.
—Será que estou desejando algo impossível?— Aletha perguntou—, será que devo me contentar com menos?
Vir a amar alguém depois do matrimônio jamais seria o mesmo que se casar com o homem de seus sonhos. Como seria amar apaixonadamente? Devia ser muito mais emocionante do que possuir e cavalgar puros-sangues extraordinários, velozes СКАЧАТЬ