Название: Uma Canção Para Órfãs
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: Um Trono para Irmãs
isbn: 9781640298569
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"E quem diz que eu não o vou fazer?" perguntou Siobhan. "Talvez a maneira mais fácil para eu o fazer é enviar a minha aprendiza."
"Ou talvez tu só queiras ver o que eu farei" adivinhou Kate. "Isto é um tipo de teste."
"Tudo é um teste, querida" disse Siobhan. "Ainda não percebeste essa parte? Tu vais fazer isto."
O que iria acontecer quando ela o fizesse? Será que Siobhan iria mesmo permitir que ela matasse uma estranha qualquer? Talvez esse fosse o jogo que ela estava a jogar. Talvez a intenção dela fosse fazer com que Kate fosse até ao limite do assassinato e depois parasse o seu teste. Kate esperava que isso fosse verdade, mas mesmo assim, ela não gostava que lhe dissessem desta forma o que fazer.
Esse não era um termo suficientemente forte para o que Kate sentia naquele momento. Ela odiava isto. Ela odiava os constantes jogos de Siobhan, o seu desejo constante de a transformar em algum tipo de ferramenta para usar. Correr pela floresta sendo perseguida por fantasmas tinha sido suficientemente mau. Isto era pior.
"E se eu disser não?" Kate perguntou.
A expressão de Siobhan ficou sombria.
"Achas que chegas a isso?" ela perguntou. "Tu és minha aprendiza, juraste-me. Eu posso fazer o que quiser contigo."
As plantas surgiram em torno de Kate naquele momento, com os espinhos afiados a transformarem-nas em armas. Elas não lhe tocaram, mas a ameaça era óbvia. Aparentemente Siobhan ainda não tinha terminado. Ela gesticulou novamente sobre a água da fonte e a cena que era mostrada mudou.
"Eu poderia levar-te e entregar-te a um dos jardins de prazer da Issettia do Sul" disse Siobhan. "Há um rei lá que pode estar inclinado a ser cooperativo em troca pelo dom."
Kate teve um breve vislumbre de miúdas vestidas de seda a correrem de um lado para o outro à frente de um homem com o dobro da idade delas.
"Eu poderia levar-te e colocar-te nas linhas dos escravos das Colónias Próximas" continuou Siobhan, gesticulando para que a cena mostrasse longas filas de trabalhadores a trabalhar com picaretas e pás numa mina aberta. "Talvez eu te diga onde encontrar as melhores pedras para os comerciantes que fazem o que eu desejo."
A cena mudou outra vez, mostrando o que era obviamente uma câmara de tortura. Homens e mulheres gritavam enquanto figuras mascaradas trabalhavam com ferros quentes.
"Ou talvez eu te dê aos sacerdotes da Deusa Mascarada, para teres penitência pelos teus crimes."
"Não o farias" disse Kate.
Siobhan estendeu a mão, agarrando Kate tão depressa que ela quase não teve tempo para pensar antes da outra mulher lhe colocar à força a cabeça debaixo da água da fonte. Ela gritou, mas isso só fez com que ela não tivesse tempo para respirar enquanto a sua cabeça mergulhava na água. O frio da água cercou-a, e, apesar de Kate lutar, parecia que a força dela a abandonara naqueles momentos.
"Tu não sabes o que eu faria, e o que eu não faria" disse Siobhan, com a sua voz a parecer vir de longe. "Tu pensas que eu penso o mesmo que tu sobre o mundo. Tu achas que eu vou parar em breve, ou ser gentil, ou ignorar os teus insultos. Eu poderia enviar-te para fazer qualquer coisa que eu quisesse, e tu continuarias a ser minha. Minha para eu fazer o que eu quisesse."
Kate viu coisas na água naquele momento. Ela viu figuras a gritar em completa agonia. Ela viu um espaço cheio de dor, violência, terror e impotência. Ela reconheceu algumas delas, porque ela as tinha matado, ou os seus fantasmas, pelo menos. Ela tinha visto as suas imagens quando a tinham perseguido através da floresta. Eram guerreiros que haviam sido jurados a Siobhan.
"Eles traíram-me" disse Siobhan, "e pagaram pela sua traição. Tu vais manter a tua palavra para comigo, ou vou transformar-te em algo mais útil. Faz o que eu quero, ou juntar-te-ás a eles para me servires como eles."
Ela soltou Kate então, e Kate apareceu, balançando enquanto lutava por ar. A fonte já havia desaparecido agora, e elas estavam no quintal do ferreiro mais uma vez. Siobhan estava agora ligeiramente afastada dela, como se nada tivesse acontecido.
"Eu quero ser tua amiga, Kate" disse ela. "Tu não me quererias como inimiga. Mas eu farei o que devo."
"O que deves?" Kate retorquiu. "Achas que tens de me ameaçar ou de mandar matar pessoas?"
Siobhan estendeu as mãos. "Como eu disse, é a maldição dos poderosos. Tu tens potencial para ser muito útil no que está por vir, e eu vou aproveitar isso ao máximo."
"Eu não o farei" disse Kate. "Não vou matar uma miúda sem haver um motivo."
Kate atacou então, não fisicamente, mas com os seus poderes. Ela acumulou a sua força e atirou-a como uma pedra contra as paredes que estavam ao redor da mente de Siobhan. A força ressaltou, com o brilho do seu poder a desvanecer.
"Tu não tens o poder para me enfrentares" disse Siobhan, "e tu não consegues chegar ao ponto de fazer essa escolha. Deixa-me tornar isto mais simples para ti."
Ela gesticulou e a fonte apareceu novamente, com as águas a deslocarem-se. Desta vez, quando a imagem estabilizou, ela não precisou de perguntar para quem ela estava a olhar.
"Sophia?" Kate perguntou. "Deixa-a em paz, Siobhan, estou a avisar-te..."
Siobhan agarrou-a novamente, forçando-a a olhar para aquela imagem com a força terrível que ela parecia possuir aqui.
"Alguém vai morrer" disse Siobhan. "Tu podes escolher quem, simplesmente escolhendo se matas Gertrude Illiard. Tu podes matá-la, ou então a tua irmã pode morrer. A escolha é tua."
Kate olhava para ela. Ela sabia que não era uma escolha, não exatamente. Não quando isso envolvia a sua irmã. "Pois bem" disse ela. "Eu faço-o. Eu farei o que tu quiseres.
Ela virou-se, dirigindo-se para Ashton. Ela não se despediu de Will, Thomas ou Winifred, em parte porque ela não queria arriscar levar Siobhan até tão perto deles e, em parte, porque ela tinha a certeza de que, de alguma forma, eles iriam ver o que ela precisava de fazer a seguir, e eles iriam ter vergonha dela por isso.
Kate estava envergonhada. Ela odiava pensar no que estava prestes a fazer e odiava ter tão pouca escolha nisso. Ela apenas tinha de esperar que tudo aquilo fosse um teste, e que Siobhan a fosse deter a tempo.
"Eu tenho de fazer isto" dizia ela enquanto caminhava. "Eu tenho."
Sim, sussurrou-lhe a voz de Siobhan, tens.
CAPÍTULO DOIS
Sophia voltava para o acampamento que ela tinha montado com as outras, sem saber o que fazer, o que pensar, até o que sentir. Ela tinha de se concentrar em cada passo na escuridão, mas a verdade era que ela não se conseguia concentrar, não depois de tudo o que acabara de descobrir. Ela tropeçava nas raízes, segurando-se nas árvores para se apoiar, enquanto tentava entender as novidades. Ela sentia folhas a emaranharem-se nos seus longos cabelos ruivos e cascas de árvores a esfregarem faixas de musgo contra o seu vestido.
A presença de Sienne estabilizava-a. O gato da floresta empurrava as pernas dela, guiando-a de volta para o local onde o vagão estava, com o círculo de luz da fogueira a aparentar ser o único ponto de segurança num mundo СКАЧАТЬ