Uma Canção Para Órfãs . Морган Райс
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Читать онлайн книгу Uma Canção Para Órfãs - Морган Райс страница 3

СКАЧАТЬ ser uma ilusão, mas quando Siobhan entrou lá para dentro, a fonte pareceu suficientemente sólida. Até humedeceu a bainha do seu vestido.

      "Porque é que estás tão assustada, Kate?" ela perguntou. "Só te estou a pedir um favor. Tens medo que eu te mande para Morgassa para caçar um ovo de roc nas planícies de sal ou para lutar contra supostas criaturas do invocador nas Colónias Longínquas? Eu teria pensado que tu irias gostar desse tipo de coisa."

      "E é por isso que tu não o farias" supôs Kate.

      Siobhan curvou um sorriso ao ouvir aquilo. "Tu achas que eu sou cruel, não é? Que eu ajo sem motivo? O vento pode ser cruel se estiveres ao vento sem casaco, e não consegues entender as suas razões mais do que... bem, qualquer coisa que eu diga que tu não consegues fazer, será para ti um desafio, portanto não vamos fazer isso."

      "Tu não és o vento" salientou Kate. "O vento não consegue pensar, não consegue sentir, não consegue distinguir o certo do errado."

      “Oh, é isso?” Siobhan perguntou. Ela estava agora na borda da sua fonte. Ainda assim, Kate teve a impressão de que se tentasse fazer o mesmo, iria cair e dar um trambolhão para cima das ervas em torno da forja de Thomas. "Achas que eu sou má?"

      Kate não queria concordar com isso, mas não se conseguia lembrar de nenhuma maneira de discordar sem mentir. Siobhan talvez não conseguisse chegar aos cantos da mente de Kate, mais do que os poderes de Kate conseguiam tocar em Siobhan, mas ela suspeitava que a outra mulher saberia se ela agora mentisse. Ela manteve-se em silêncio em vez disso.

      "As freiras da tua Deusa Mascarada teriam dito que tu eras má por tu as matares" Siobhan salientou. "Os homens que tu massacraste do Novo Exército ter-te-iam chamado coisa má e pior. Tenho a certeza de que há um milhar de homens nas ruas de Ashton agora que te chamariam de má, só por conseguires ler as mentes dos outros."

      "Estás a tentar dizer-me que és boa, então?" Kate ripostou.

      Siobhan encolheu os ombros. "Estou a tentar dizer-te o favor que deves fazer. A coisa necessária. Porque é isso que a vida é, Kate. Uma sucessão de coisas necessárias. Conheces a maldição do poder?"

      Isso soava bastante como uma das lições de Siobhan. O melhor que Kate podia dizer a favor disso era que pelo menos ela não estava a ser esfaqueada nesta lição.

      "Não" disse Kate. "Não conheço a maldição do poder."

      "É simples" disse Siobhan. "Se tens poder, então tudo o que fazes afetará o mundo. Se tens poder e consegues ver o que está por vir, então até mesmo escolher não agir continua a ser uma escolha. Tu és responsável pelo mundo apenas por estar nele, e eu estou nele há muito tempo."

      "Há quanto tempo?" Kate perguntou.

      Siobhan abanou a cabeça. "Esse é o tipo de pergunta cuja resposta tem um preço, e tu ainda não pagaste o preço pelos treinos, aprendiza."

      "Este teu favor" disse Kate. Ela ainda o estava a temer, e nada do que Siobhan havia dito tornava as coisas mais fáceis.

      "É uma coisa suficientemente simples" disse Siobhan. "Há alguém que deve morrer."

      Ela fê-lo parecer tão suave como se ela estivesse a pedir a Kate para varrer o chão ou para ir buscar água para tomar um banho. Ela passou uma mão em redor e a água da fonte brilhou, mostrando uma jovem que atravessava um jardim. Ela usava tecidos ricos, mas nenhuma das insígnias de uma casa nobre. A esposa ou a filha de um comerciante, então? Alguém que tinha ganhado dinheiro de outra forma? Ela era suficientemente bonita, com um sorriso que, perante uma piada inédita, parecia desfrutar do mundo.

      "Quem é?" Kate perguntou.

      "O nome dela é Gertrude Illiard" disse Siobhan. "Ela vive em Ashton, no recinto familiar do seu pai, o comerciante Savis Illiard."

      Kate esperou por mais do que aquilo, mas Siobhan não disse mais nada. Ela não deu nenhuma explicação, nenhuma indicação sobre porque é que esta jovem tinha de morrer.

      "Ela cometeu algum crime?" Kate perguntou. "Fez alguma coisa terrível?"

      Siobhan levantou uma sobrancelha. "Precisas de saber algo assim para poderes matar? Não acredito que precises."

      Kate percebeu que a raiva dela estava a aumentar com aquilo. Como é que Siobhan se atrevia a pedir-lhe para ela fazer uma coisa dessas? Como é que ela se atrevia a exigir que Kate sujasse as suas mãos de sangue sem o menor motivo ou explicação?

      "Eu não sou uma assassina qualquer que tu podes enviar para onde queres" disse Kate.

      "A sério?" Siobhan ergueu-se, impulsionando-se da borda da fonte num movimento estranhamente infantil, como se estivesse a sair de um baloiço ou a saltar da borda de uma carroça como um diabrete que havia roubado um passeio pela cidade. "Já mataste imensas vezes antes."

      "Isso é diferente" insistiu Kate.

      "Todos os momentos da vida são uma coisa de beleza única" Siobhan concordou. "Mas todos os momentos são uma coisa aborrecida, o mesmo que todos os outros também. Tu já mataste imensas pessoas, Kate. Porque é que esta é tão diferente?"

      "Essas pessoas mereciam-no" disse Kate.

      "Oh, essas pessoas mereciam-no" disse Siobhan, e Kate conseguiu perceber o escárnio na sua voz, mesmo que os constantes escudos que a outra mulher mantinha significassem que Kate não conseguia captar nenhum dos seus pensamentos por detrás de tudo isto. "As freiras mereceram-no por tudo o que te fizeram e o traficante de escravas pelo que fez à tua irmã?"

      "Sim" disse Kate. Ela estava certa disso, pelo menos.

      "E o rapaz que tu mataste na estrada por se atrever a vir atrás de ti?" Siobhan continuou. Kate questionou-se sobre o quanto exatamente a outra mulher sabia. "E os soldados na praia por... como é que justificavas essa, Kate? Foi porque eles estavam a invadir a tua casa, ou foi só porque as tuas ordens te tinham levado até ali, e quando a luta começa, não há tempo para perguntar porquê?"

      Kate deu um passo atrás afastando-se de Siobhan, principalmente porque, se Kate a atingisse, ela suspeitava que fossem haver demasiadas consequências com as quais ela teria de lidar.

      "Mesmo agora" disse Siobhan, "eu suspeito que eu poderia colocar uma dúzia de homens ou mulheres à tua frente nos quais tu enfiarias uma lâmina de bom grado. Eu poderia encontrar-te inimigo após inimigo, e tu irias abatê-los. Ainda assim, isto é diferente?"

      "Ela é inocente" disse Kate.

      "Tanto quanto tu sabes" Siobhan respondeu. "Ou talvez eu simplesmente não te tenha contado sobre todas as inúmeras mortes pelas quais ela é responsável. Toda a miséria." Kate pestanejou e ela estava do outro lado da fonte. "Ou talvez eu simplesmente não te tenha contado sobre todo o bem que ela fez, todas as vidas que ela salvou."

      "Tu não me vais dizer qual é, pois não?" Kate perguntou.

      "Eu dei-te uma tarefa" disse Siobhan. "Espero que tu a executes. As tuas perguntas e escrúpulos não entram nisso. Isto é sobre a lealdade que uma aprendiza deve ao seu professor."

      Portanto, ela queria saber se Kate iria matar só porque ela havia ordenado.

      "Tu própria conseguias matar esta mulher, não conseguias?" Kate supôs. СКАЧАТЬ