Название: Uma Corte Para Ladras
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: Um Trono para Irmãs
isbn: 9781640298552
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Kate sempre tinha querido ser forte, mas ainda assim, ela ficou um pouco assustada com aquilo tudo. Siobhan já lhe havia dito que haveria um preço por tudo isso, e quanto mais maravilhoso parecia, mais ela suspeitava de que preço iria ser. Ela recordou-se do que sonhara, e ela esperava que o sonho não fosse um aviso.
"Eu vi algo" disse Kate. "Eu sonhei, mas não parecia um sonho."
"Parecia o quê?" perguntou Siobhan.
Kate estava prestes a dizer que não sabia, mas viu a expressão de Siobhan e pensou melhor. "Parecia a verdade. Espero que não, porém. No meu sonho, Ashton estava a meio de ser arrasada. Estava em chamas e as pessoas estavam a ser abatidas."
Ela quase que esperava que Siobhan se risse dela só por ela o mencionar, ou talvez ela estivesse à espera disso. Em vez disso, Siobhan parecia pensativa, assentindo para si mesma.
"Eu deveria ter esperado isso" disse a mulher. "As coisas estão a acontecer mais depressa do que eu pensava, mas nem eu consigo fazer nada com o tempo. Bem, não permanentemente."
"Sabes o que está a acontecer?" Kate perguntou.
Isso fez com que ela fizesse um sorriso que ela não conseguiu decifrar. "Digamos que eu tenho estado à espera de acontecimentos" respondeu Siobhan. "Há coisas que eu antecipei, e coisas que devem ser feitas em pouco tempo."
"E tu não me vais dizer o que se está a passar, pois não?" Kate disse. Ela tentou não mostrar frustração na sua voz, concentrando-se em tudo o que ela tinha ganhado. Se ela era mais forte e mais rápida agora, seria relevante que ela não soubesse tudo? Ainda assim era.
"Tu já estás a aprender" respondeu Siobhan. "Eu sabia que não tinha feito asneira ao escolher-te para aprendiza."
Ao escolhê-la? Tinha sido Kate a procurar a fonte, não uma vez, mas duas vezes. Tinha sido a única a pedir poder e a decidir aceitar as condições de Siobhan. Ela não ia deixar a outra mulher persuadi-la de que tinha sido de qualquer outra maneira.
"Eu vim até aqui" disse Kate. "Eu escolhi isso."
Siobhan encolheu os ombros. "Sim, escolheste. E agora, está na altura de começares a aprender."
Kate olhou em volta. Esta não era uma biblioteca como a da cidade. Não era um campo de treino com mestres de esgrima como aquele onde o regimento de Will a tinha humilhado. O que é que ela poderia aprender, aqui neste lugar selvagem?
Mesmo assim, ela preparou-se, colocando-se à frente de Siobhan e esperando. "Estou pronta. O que é que eu tenho de fazer?"
Siobhan inclinou a cabeça para um lado. "Esperar."
Ela foi até um local onde uma pequena fogueira havia sido colocada num poço, pronta para acender. Siobhan lançou uma labareda lá para dentro, sem se preocupar, com uma pederneira e aço, e, depois, sussurrou palavras que Kate não conseguiu perceber enquanto o fumo subia.
O fumo começou a virar-se e a contorcer-se, fazendo formas, enquanto Siobhan o direcionava da mesma forma que um maestro poderia ter dirigido músicos. O fumo fundiu-se numa forma que era vagamente humana, dissipando-se por fim para deixar algo que se parecia com um guerreiro de uma época há muito passada. Ele estava a segurar uma espada que parecia terrivelmente afiada.
Tão afiada, na verdade, que Kate não teve tempo de reagir quando ele a enfiou no seu coração.
CAPÍTULO TRÊS
Eles deixaram Sophia suspensa no lugar durante a noite, presa apenas pelas cordas que eles tinham usado para a amarrar ao poste de punição. A imobilidade absoluta de tal era quase tão torturante quanto as suas costas devastadas, já que os seus membros queimavam com a falta de movimento. Ela não conseguia fazer nada para aliviar a dor dos seus ferimentos, ou a vergonha de ser deixada ali à chuva, como uma espécie de aviso para os outros.
Sophia odiava-os naquele momento, com o tipo de ódio que ela sempre havia reprimido Kate por manter demasiado perto. Ela queria vê-los morrer, e essa vontade era também uma espécie de dor, porque não havia nenhuma maneira de que Sophia estivesse em condições de fazer com que isso acontecesse. Ela nem sequer se conseguia libertar agora.
Ela também não conseguia dormir. A dor e a posição estranha garantiam que tal acontecesse. O mais próximo que Sophia conseguia chegar era a uma espécie de delírio meio sonhador, com o passado a misturar-se com o presente enquanto a chuva continuava a colar os seus cabelos à sua cabeça.
Ela sonhava com a crueldade que tinha visto em Ashton, e não apenas no inferno do orfanato. As ruas tinham sido quase tão más com os seus predadores e a sua indiferente falta de cuidado por aqueles que acabavam nelas. Mesmo no palácio, por todas as almas bondosas, havia outra como Milady d'Angelica que parecia revelar-se no poder que a sua posição lhe dava para ser cruel com os outros. Ela pensava num mundo que estava cheio de guerras e crueldade humana, questionando-se como é que se tinha transformado num lugar sem coração.
Sophia tentava voltar os seus pensamentos para coisas mais gentis, mas isso não era fácil. Ela começou a pensar em Sebastian, mas a verdade era que doía demais. As coisas tinham parecido tão perfeitas entre eles, mas depois, quando ele descobriu o que ela era... desmoronou-se tudo tão depressa que agora o coração de Sophia sentia-se como cinza. Ele nem sequer tinha tentado enfrentar a sua mãe ou ficar com Sophia. Ele simplesmente mandou-a embora.
Sophia pensou em Kate em vez disso, e pensar nela fez com que ela precisasse de gritar por ajuda novamente. Ela enviou outro pedido para os primeiros focos da luz do amanhecer, mas ainda assim, não houve nada. Pior, pensar na sua irmã trazia maioritariamente consigo memórias de tempos difíceis no orfanato, ou outras, coisas anteriores.
Sophia pensou sobre o fogo. O ataque. Ela era tão nova quando aquilo tinha acontecido que ela praticamente não se lembrava de nada. Ela conseguia recordar-se dos rostos da sua mãe e do seu pai, mas não do que eles tinham parecido fora dessas poucas instruções para fugir. Ela conseguia lembrar-se de ter de fugir, mas só conseguia juntar os vislumbres mais ténues do tempo antes disso. Havia um cavalo de baloiço de madeira, uma casa grande onde tinha sido fácil jogar às escondidas, uma ama...
Sophia não conseguia desenterrar mais do que isso da sua memória. A Casa dos Não Reclamados tinha tapado isso quase completamente com um miasma feito de dor, pelo que era difícil pensar para além dos espancamentos e das rodas de moagem, da subserviência forçada e do medo que vinha de saber para onde é que tudo aquilo ia.
A mesma coisa que aguardava por Sophia agora: ser vendida como um animal.
Há quanto tempo é que ela estava ali amarrada por muito que ela tentasse fugir? Há pelo menos tempo suficiente para que o sol estivesse sobre o horizonte. Há tempo suficiente para que, quando as freiras mascaradas foram desamarrá-la, os membros de Sophia cederam, deixando-a colapsar nas pedras do pátio. As freiras não fizeram nenhum movimento para ajudá-la.
"Levanta-te" ordenou uma delas. "Não queres que a tua dívida seja vendida assim."
Sophia continuava no chão, cerrando os dentes enquanto a dor deslizava de volta para as suas pernas. Ela só se moveu quando a freira a atacou, pontapeando-a.
"Levanta-te, СКАЧАТЬ