Название: Governante, Rival, Exilada
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: De Coroas e Glória
isbn: 9781640298521
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Na pausa que se seguiu, uma flecha atingiu o convés entre os pés de Ceres. Estava claramente demasiado perto.
“Não posso desfazer o que foi feito”, disse a mãe dela. “Mas posso emprestar-te outro dom, desta vez. Só desta vez. Acho que o teu corpo não aguentaria mais.”
Ceres não se importava, desde que eles escapassem. Os barcos já se estavam a aproximar. Eles precisavam disto.
“Toca na água, Ceres, e, perdoa-me, porque isto vai doer.”
Ceres não a questionou. Em vez disso, ela colocou a mão nas ondas, sentindo a humidade fluir ao redor da sua pele. Ela preparou-se...
... e, ainda assim, teve de lutar para não gritar quando algo fluiu através de si, brilhando pela água e depois pelo ar. Parecia que alguém tinha desenhado um véu de gaze no mundo.
Através dele, Ceres via os arqueiros e guerreiros a olharem em choque. Ela ouvia-os a gritarem de surpresa, mas os sons pareciam silenciados.
“Eles queixam-se que não nos conseguem ver”, disse Jeva. “Eles dizem que é magia negra.” Ela olhou para Ceres com um ar de admiração. “Parece que tu és tudo o que Thanos disse que tu serias.”
Ceres não tinha a certeza disso. Aguentar aquilo doía mais do que ela poderia acreditar. Ela não tinha certeza de quanto tempo mais conseguiria continuar.
“Remem”, disse ela. “Remem antes que esmoreça!”
CAPÍTULO TRÊS
No templo de telhado alto do castelo, Irrien observava impassível enquanto os sacerdotes preparavam Stephania para o sacrifício. Ele permanecia implacável enquanto eles andavam de um lado para o outro, amarrando-a no altar, segurando-a enquanto ela gritava e lutava.
Habitualmente, Irrien tinha pouco tempo para aquelas coisas. Os sacerdotes eram um monte de tolos obcecados por sangue que pareciam pensar que apaziguar uma morte poderia afastá-la. Como se algum homem pudesse impedir a morte, exceto pela força do seu braço. Implorar não funcionava, não para os deuses, e não, como o breve chefe de Delos estava a descobrir, para ele.
“Por favor, Irrien, faço qualquer coisa que tu queiras! Queres que me ajoelhe diante de ti? Por favor!”
Irrien ficou como uma estátua, ignorando-a como ignorava a dor da sua ferida, enquanto ao redor dele, nobres e guerreiros, permaneciam a observar. Pelo menos, havia algum valor em deixá-los ver aquilo, assim como havia valor em apaziguar os sacerdotes. O favor deles era apenas outra fonte de poder a ser tomada, e Irrien não era tão tolo ao ponto de ignorar aquilo.
“Não me desejas?”, implorou Stephania. “Eu pensei que me querias para teu brinquedo.”
Irrien não era tão tolo ao ponto de ignorar os encantos de Stephania também. Isso era parte do problema. Quando a mão dela tinha tocado no seu braço, ele tinha sentido algo para além dos habituais primeiros sinais de desejo que ele sentia com belas escravas. Ele não iria permitir aquilo. Não poderia permitir aquilo. Ninguém teria poder sobre ele, mesmo do género que vinha de dentro de si.
Ele olhou para a multidão. Havia ali lindas mulheres mais do que suficientes. As anteriores aias de Stephania ajoelhadas nas suas correntes. Algumas choravam ao ver o que estava a acontecer à sua ex-governante. Ele iria distrair-se com elas não tardava muito. Por enquanto, ele precisava de se livrar da ameaça que Stephania representava com a habilidade dela em fazê-lo sentir algo.
O mais superior dos sacerdotes aproximou-se, com os fios de ouro e prata na sua barba a tilintar enquanto ele se movia.
“Está tudo pronto, meu lorde”, disse ele. “Vamos cortar o bebé da barriga da sua mãe, e depois sacrificamo-lo no altar da maneira apropriada.”
“E os teus deuses acharão isso agradável?”, perguntou Irrien. Se o sacerdote reparou na pequena nota de escárnio ali, não se atreveu a mostrar.
“Muito agradável, Primeiro Pedregulho. Muito agradável.
Irrien assentiu.
“Então, será feito da maneira que sugeres. Mas serei eu a matar a criança.”
“Tu, Primeiro Pedregulho?”, perguntou o sacerdote. Ele pareceu surpreendido. “Mas porquê?”
Porque era a sua vitória, e não a vitória do sacerdote. Porque tinha sido Irrien a lutar pela cidade, enquanto aqueles sacerdotes provavelmente tinham estado em segurança nos navios que os transportavam. Porque tinha sido ele que tinha ficado ferido por causa daquilo. Porque Irrien assumia as mortes que eram dele, em vez de deixá-las para homens menores. Porém, ele não explicou nada disso. Ele não lhes devia tais explicações.
“Porque eu escolho fazê-lo”, disse ele. “Tens alguma coisa contra?”
“Não, Primeiro Pedregulho, nada contra”.
Irrien apreciou a nota de medo ali, não por causa própria, mas porque era uma lembrança do seu poder. Tudo aquilo era. Era uma declaração da sua vitória tanto quanto era gratidão para com qualquer deus que estivesse a assistir. Era uma forma de reivindicar aquele lugar, ao mesmo tempo que se livrava de uma criança que poderia tentar reclamar o seu trono quando tivesse idade suficiente.
Porque era um lembrete do seu poder, ele levantou-se e observou a multidão enquanto os sacerdotes começavam a sua carnificina. Eles levantaram-se e ajoelharam-se em fileiras, os guerreiros, os escravos, os comerciantes, e aqueles que reivindicavam sangue nobre. Ele observava o seu medo, o seu choro, a sua repulsa.
Atrás dele, os sacerdotes entoavam. Falar em línguas antigas significava terem sido dados pelos próprios deuses. Irrien olhou para trás para ver o mais superior dos sacerdotes a segurar uma espada sobre a barriga exposta de Stephania, pronto para cortar, enquanto ela lutava para fugir.
Irrien voltou sua atenção para aqueles que estavam a assistir. Aquilo era sobre eles, não sobre Stephania. Ele observou o horror deles quando a mendicância de Stephania se transformou em gritos atrás dele. Ele observou as reações deles, vendo quem estava impressionado, quem estava assustado, quem olhava para ele com um ódio silencioso e quem parecia estar a apreciar o espetáculo. Ele viu uma das aias que ali estava desmaiar ao ver o que estava a ocorrer atrás dele e resolveu mandar que a castigassem. Outra chorava tanto que outra teve de segurá-la.
Irrien descobriu que observar aqueles que o serviam dizia-lhe mais sobre eles do que qualquer declaração de lealdade. Silenciosamente, ele demarcou aqueles entre os escravos que ainda tinham de ser totalmente destruídos, aqueles entre os nobres que olhavam para ele com muita inveja. Um homem sábio não baixava a guarda, mesmo quando ganhava.
Os gritos de Stephania tornaram-se mais agudos por momentos, elevando-se a um crescendo que parecia perfeitamente cronometrado para coincidir com o canto dos sacerdotes. A seguir, os gritos deram lugar a gemidos, caindo. Irrien duvidava que ela sobrevivesse àquilo. Naquele preciso momento, ele não se importava. Ela estava a cumprir o seu propósito de mostrar ao mundo que ele mandava ali. Qualquer coisa além disso era desnecessária. Quase deselegante.
Algures ali, gritos novos juntaram-se aos das mais belas nobres de Delos, com os gritos atraentes a entrelaçarem-se com os dela. СКАЧАТЬ