Название: A próxima porta
Автор: Блейк Пирс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Современные детективы
Серия: Um mistério psicológico de Chloe Fine
isbn: 9781640296008
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- Uma coisa antes de entrarmos – Greene disse. – Eu escondi isso de você até agora porque não queria que você pensasse nisso a manhã inteira.
- Tudo bem...
- Esse é um caso de abuso doméstico, mas também de homicídio. Quando entrarmos, vai haver um corpo. Um corpo “fresco”.
- Ah... – Ela disse, contendo seu choque.
- Eu sei que é mais do que você esperava. Mas houve uma discussão quando você chegou. Sobre talvez deixar você estar junto desde o começo. Estamos pensando na ideia de deixar os estagiários terem mais responsabilidades, exigir um pouco mais de vocês. E com base no seu dossiê, acho que você é a melhor candidata para esse teste. Espero que esteja tudo bem por você.
Ela ainda estava chocada, incapaz de responder de verdade. Sim, era mais responsabilidade. Sim, significava que mais olhos estariam prestando atenção nela. Mas ela nunca havia rejeitado um desafio, e não pretendia fazer isso agora.
- Obrigada pela oportunidade.
- Ótimo – Greene disse, com seu tom de voz indicando que aquela era a resposta esperada.
Ele acenou para que ela o seguisse e eles caminharam pela varanda, escada acima. Lá dentro, dois agentes conversavam com o legista. Chloe fez o possível para estar pronta para a cena, e mesmo que achasse que estava preparada, ficou chocada quando viu as pernas da mulher por trás da ilha da cozinha.
- Então, preciso que você caminhe ao redor do corpo - Green disse. – Me diga o que você vê—tanto no corpo quanto em volta. Me diga tudo.
Chloe já havia visto alguns corpos mortos em seu estágio. Quando você mora na Filadélfia, não é difícil eles aparecerem. Mas esse era diferente. Esse estava muito perto de casa—e parecia familiar. Ela foi até o balcão da cozinha e olhou para a cena.
A vítima era uma mulher que parecia ter trinta e poucos anos. Ela fora atingida na cabeça com um objeto muito sólido—provavelmente a torradeira que estava caída no chão, quebrada em vários pedaços, em frente a ela. O impacto havia sido em sua sobrancelha esquerda, forte o suficiente para quebrar a cavidade ocular, fazendo com que seu olho fosse aparentemente cair no chão a qualquer momento. Uma poça de sangue a rodeava como uma auréola.
Talvez a coisa mais estranha nela era a calça, abaixada até o tornozelo, e a calcinha, abaixada até os joelhos. Chloe chegou mais perto do corpo e procurou outros detalhes. Ela viu o que pareciam ser duas pequenas marcas ao lado do pescoço. Elas pareciam novas e tinham o formato de unhas.
- Onde está o marido? – Ela perguntou.
- Sob custódia – Greene disse. – Ele confessou e já contou à polícia o que aconteceu.
- Mas se é uma disputa doméstica, por que o FBI foi chamado? – Ela perguntou.
- Porque esse cara foi preso três anos atrás por bater na primeira mulher com tanta força que ela foi para o hospital. Mas ela não prestou queixa. E o computador da casa dele foi sinalizado duas semanas atrás por suspeita de estar assistindo a vídeos de assassinato.
Chloe assimilou todas as informações e tentou relacioná-las com o que estava vendo. Ela tentou montar o quebra-cabeças e criar teorias em voz alta.
- Pela história desse homem, ele era propenso à violência. Violência extrema, como a torradeira indica. A calça até o tornozelo e a calcinha no meio do caminho indicam que ele estava tentando fazer sexo com ela aqui na cozinha. Talvez eles estavam fazendo sexo e ela queria parar. As marcas de arranhão no pescoço indicam que o sexo era bruto e consensual só no começo, ou nem isso.
Ela parou por um momento e estudou o sangue.
- O sangue parece relativamente novo. Imagino que o assassinato aconteceu nas últimas seis horas.
- E qual seria seu próximo passo? – Greene perguntou. – Se nós não tivéssemos esse cara em custódia e houvesse uma busca por ele, o que você faria?
- Eu procuraria alguma evidência da relação sexual. Poderíamos pegar o DNA dele e conseguir algo. Enquanto esperasse pelos resultados, no entanto, iria procurar por coisas, como uma carteira, lá em cima no quarto, esperando encontrar uma carteira de habilitação. Claro, isso se o suspeito já não fosse o marido. Nesse caso, podemos conseguir o nome através do endereço.
Greene sorriu para ela, assentindo.
- Está certo. Você ficaria surpresa em saber quantos novatos se esquecem de perceber que essa é uma pegadinha. Você está na casa do cara, então você já sabe o nome dele. Mas se nós não suspeitássemos do marido, você está totalmente certa. E... bem, você está bem?
A pergunta a surpreendeu—principalmente porque ela não estava bem. Ela estava tonta, olhando para o sangue no azulejo da cozinha. Aquilo a levara para seu passado, olhando a piscina de sangue no carpete vermelho, no final da escada.
Sem alarde, ela começou a desmaiar. Forçou seu corpo contra a parede da cozinha, com medo de cair. Foi perigoso e vergonhoso.
É isso que eu vou fazer em qualquer cena de crime brutal? Em qualquer cena que remotamente lembrar o que aconteceu com minha mãe?
Chloe podia ouvir Sally no fundo de sua mente, dizendo uma das primeiras coisas que havia dito a ela: Acho que não tem como uma mulher ser uma agente excelente. Principalmente uma com um passado traumático. Fico pensando se você leva todo o estresse para casa...
- Desculpe – ela murmurou. Apoiou-se na ilha e voltou à porta da frente. Quase caiu nos degraus a caminho do gramado, certa de que iria vomitar.
Felizmente, o destino lhe poupou desse constrangimento. Ela respirou fundo várias vezes, e concentrou-se tanto na respiração que quase não percebeu quando Greene chegou, calmamente, pelos degraus.
- Tem alguns casos que me deixam assim também – ele disse. Ele manteve uma distância respeitável, deixando que ela tivesse seu espaço. – Vai haver cenas muito piores. Infelizmente, em algum momento, você acaba se acostumando.
Ela assentiu, e lembrou que já tinha ouvido aquilo antes.
- Eu sei. É que... essa cena me lembrou de algo. Uma memória com a qual não gosto de lidar.
- O FBI tem psicólogos incríveis para ajudar os agentes a lidar com coisas assim. Então nunca pense que você está sozinha ou que isso lhe torna menor do que os outros.
- Obrigada – Chloe disse, finalmente conseguindo levantar novamente.
Ela percebeu que, de repente, sentia muita falta da irmã. Por mais mórbido que fosse, pensamentos sobre Danielle invadiam sua mente sempre que ela lembrava do dia em que sua mãe morrera. Não fora diferente agora. Chloe não conseguiu não pensar em sua irmã. Danielle passara por muita coisa nos últimos anos—sendo vítima das circunstâncias e também de suas decisões erradas. E agora que Chloe morava tão perto, parecia inimaginável que elas continuassem tão longe uma da outra.
Sim, Chloe havia convidado Danielle para a festa no final de semana, mas ela não poderia esperar tanto. E ela suspeitava que a irmã nem viria, na verdade.
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