Rastro de Morte . Блейк Пирс
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СКАЧАТЬ janela, podia-se ver que a Culver Boulevard estava quase deserta. Havia uma ciclovia e calçadão do outro lado da rua. Na maioria dos dias, no final da tarde, a avenida estava tomada de pedestres. Mas hoje era um dia incrivelmente quente, com temperaturas bem acima dos 32°C e nenhuma brisa, mesmo aqui, a menos de 8 km da praia. Os pais e as mães que normalmente buscavam seus filhos a pé da escola foram pegá-los em seus carros com ar condicionado hoje. Exceto uma.

      Exatamente às 16h12, pontualmente, uma menina de bicicleta, com cerca de sete ou oito anos, pedalava lentamente pela ciclovia. Ela usava um vestido branco chique. Sua jovem mãe vinha logo atrás, vestindo calça jeans e camiseta, com uma mochila pendurada casualmente sobre um dos ombros.

      Keri lutou conta a ansiedade que borbulhava em seu estômago e olhou ao redor para ver se alguém no escritório a estava observando. Ninguém parecia se importar com ela. Então, permitiu-se ceder à ânsia que estava tentando ignorar o dia inteiro e olhou atentamente.

      Keri as observava com olhos invejosos, de adoração. Ela ainda não podia acreditar, mesmo após tantas vezes, nesta janela. A garota era a igualzinha a Evie: os cabelos loiros cacheados, os olhos verdes, até mesmo o sorriso levemente torto.

      Ela ficou ali numa espécie de transe, olhando pela janela por muito tempo depois da mãe e da filha terem desaparecido de vista.

      Quando finalmente saiu do seu torpor e voltou para o ambiente da delegacia, a idosa hispânica estava indo embora. O ladrão de carros havia sido fichado. Algum novo canalha, algemado e aborrecido, havia deslizado até seu lugar próximo ao local em que seria fichado, com um oficial uniformizado e alerta de pé à sua esquerda.

      Ela levantou os olhos para o relógio digital na parede acima da cafeteira. Eram 16h22.

      Eu realmente fiquei parada naquela janela por dez minutos inteiros? Isso está piorando, ao invés de melhorar.

      Ela caminhou de volta para sua mesa de cabeça baixa, tentando não fazer contato visual com nenhum colega de trabalho curioso. Sentou-se e olhou para os arquivos em sua mesa. O caso Martine estava praticamente encerrado, esperando apenas uma assinatura do promotor antes que ela pudesse jogá-lo na gaveta como "encerrado até julgamento". O caso Sander estava suspenso até a CSU apresentar seu relatório preliminar. A divisão Rampart pediu à Pacific para investigar uma prostituta chamada Roxie, que havia desaparecido; um colega de trabalho havia dito a eles que ela havia começado a trabalhar na Westside e eles esperavam que alguém na unidade dela pudesse confirmar isso, para que eles não tivessem que abrir um caso.

      O complicado em relação a pessoas desaparecidas, pelo menos adultas, era que desaparecer não constitui um crime. A polícia tinha mais liberdade para investigar no caso de menores, dependendo da idade. Mas, em geral, não havia nada que impedisse alguém de simplesmente sumir de sua vida. Isso acontecia mais frequentemente do que a maioria imaginava. Sem algumas evidências ou golpes sujos, a polícia estava limitada no que poderia fazer legalmente para investigar. Por causa disso, casos como o de Roxie frequentemente se perdiam nas engrenagens do sistema.

      Com um suspiro, Keri percebeu que, com exceção de algo extraordinário, não havia motivo para ficar além das cinco horas da tarde.

      Ela fechou os olhos e se imaginou, a menos de uma hora daquele momento, de volta à sua casa-barco, servindo uma dose de três dedos — certo... quatro — de Glenlivet e relaxando, comendo o que sobrou da comida chinesa que ela pediu na véspera e assistindo a reprises de Scandal. Se essa terapia personalizada não desse certo, ela teria que voltar ao sofá da Drª Blanc, uma alternativa pouco animadora.

      Ela já havia começado a arquivar seus casos do dia quando Ray entrou na sala e afundou na cadeira do outro lado da mesa grande que eles dividiam. Ray era oficialmente o detetive Raymond “Big” Sands, seu parceiro de quase um ano e seu amigo por mais de sete.

      Ele fazia jus ao apelido. Ray (Keri nunca o chamava de "Big"— ele não precisava ter o ego massageado) era um cara negro com 1,90 m de altura, 104 kg, com uma careca brilhante, um dente inferior lascado, um cavanhaque meticulosamente aparado, e uma queda por usar camisas sociais um tamanho menor que o dele, apenas para enfatizar seu porte físico.

      Aos 40 anos, Ray ainda parecia o boxeador de 20 anos que ganhou medalha de bronze nas Olimpíadas, e o levantador de peso profissional, com um recorde de 28-2-1, que ele vinha sendo desde os 28. Foi nessa época que um canhotozinho desajeitado, doze centímetros mais baixo que ele, arrancou seu olho direito com um gancho violento e interrompeu sua vida bruscamente. Depois disso, ele usou um tapa-olho por dois anos, mas não gostou do desconforto, e finalmente começou a usar um olho de vidro, que funcionava para ele, de certa forma.

      Assim como Keri, Ray entrou para a força policial mais tarde que a maioria, quando buscava um novo propósito no início de seus 30 anos. Ele foi sendo promovido rapidamente e agora era o detetive sênior da Unidade de Pessoas Desaparecidas, ou UPD, da Pacific Division.

      "Você parece uma mulher sonhando com ondas e uísque", ele falou.

      "É tão óbvio assim?" Keri perguntou.

      "Sou um bom detetive. Meus poderes de observação são inigualáveis. Além disso, você já mencionou seus animados planos para hoje à noite duas vezes".

      "O que posso dizer? Eu sou uma mulher com objetivos, Raymond".

      Ele sorriu, seu olho bom traindo uma simpatia que sua postura física escondia. Keri era a única que tinha permissão de chamá-lo por seu verdadeiro nome. Ela gostava de misturá-lo um pouco com outros apelidos, menos elogiosos. Frequentemente, ele fazia o mesmo com ela.

      "Ouça, Pequena Miss Sunshine, talvez fosse melhor você usar os últimos minutos de seu turno trocando informações com a CSU sobre o caso Sanders, ao invés de ficar sonhando em beber durante o dia".

      "Beber durante o dia?" ela disse, fingindo estar ofendida. "Não se trata disso se eu começar a beber depois das cinco, Homem de Aço".

      Ele ia replicar quando o telefone tocou. Keri atendeu antes que Ray pudesse dizer alguma coisa e estirou a língua para ele, em tom de brincadeira.

      "Pessoas Desaparecidas da Pacific Division. Detetive Locke falando".

      Ray também atendeu em sua linha, mas permaneceu em silêncio.

      A mulher ao telefone parecia jovem, no final dos vinte ou no início dos trinta anos. Antes mesmo que ela dissesse por que estava ligando, Keri pôde notar a preocupação em sua voz.

      "Meu nome é Mia Penn. Eu moro nas imediações da Dell Avenue, nos canais de Venice. Estou preocupada com minha filha, Ashley. Ela deveria ter chegado da escola às três e meia. Ela sabia que eu a levaria para uma consulta no dentista às 16h45. Ela me enviou uma mensagem de texto logo depois de sair da escola, às três, mas ainda não chegou e não está atendendo a nenhuma de minhas ligações ou mensagens. Minha filha não costuma fazer isso, nunca. É muito responsável".

      "Srª Penn, Ashley geralmente volta de carro ou a pé para casa?" Keri perguntou.

      "A pé. Ela ainda está na décima série... tem 15 anos. Ainda nem começou a fazer aulas de direção".

      Kery olhou para Ray. Sabia o que ele ia dizer, e não podia realmente discutir a respeito. Mas algo na voz de Mia Penn mexeu com ela. Sentia que a mulher estava quase perdendo o controle. Queria pedir a ele para dispensar o protocolo, mas não conseguia achar uma justificativa plausível para isso.

      "Srª СКАЧАТЬ