Os Lusíadas. Luis de Camoes
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Название: Os Lusíadas

Автор: Luis de Camoes

Издательство: Public Domain

Жанр: Зарубежные стихи

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isbn: http://www.gutenberg.org/ebooks/27236

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СКАЧАТЬ Sol forão no mundo, & num momento

      Apareceo no rubido Orizonte,

      Na moça de Titão a roxa ſronte.

      Tornão da terra os Mouros co recado

      Do Rei, pera que entraſſem, & conſigo

      Os dous que o Capitão tinha mandado,

      A quem ſe o Rei moſtrou ſincêro amigo:

      E ſendo o Portugues certificado,

      De não auer receio de perigo.

      E que gente de Chriſto em terra auia,

      Dentro no ſalſorio entrar queria

      Dizem lhe os que mandou, que em terra vîrão,

      Sacras aras, & ſacerdote ſancto,

      Que ali ſe agaſalhàrão, & dormirão,

      Em quanto a luz cubrio o eſcuro manto:

      E que no Rei, & gentes não ſentirão

      Senão contentamento, & gosto tanto:

      Que não podia certo auer ſoſpeita,

      Nũa mostra tão clara, & tão perfeita.

      Co iſto o nobre Gama recebia

      Alegremente os Mouros que ſubião,

      Que leuemente hum animo ſe fia,

      De mostras que tão certas parecião:

      A nao da gente perfida ſe enchia,

      Deixando a bordo os barcos que trazião:

      Alegres vinhão todos, porque crem

      Que a preſa deſejada certa tem.

      Na terra cautamente aparelhauão,

      Armas, & monições, que como viſſem

      Que no Rio os nauios ancorauão,

      Nelles ouſadamente ſe ſubiſſem:

      E neſta treição determinauão,

      Que os de Luſo de todo deſtruiſſem:

      E que incautos pagaſſem deste geito

      O mal que em Moçambique tinhão feito.

      As ancoras tenaces vão leuando,

      Com a nautica grita coſtumada,

      Da proa as vellas ſos ao vento dando,

      Inclinão pera a barra abaliſada:

      Mas a linda Ericina, que guardando

      Andaua ſempre a gente aſsinalada:

      Vendo a cilada grande, & tam ſecreta,

      Voa do Ceo ao Mar como hũa ſeta.

      Conuoca as aluas filhas de Nerêo,

      Com toda a mais cerulea companhia,

      Que porque no ſalgado Mar naſceo,

      Das agoas o poder lhe obedecia.

      E propondo lhe a cauſa a que deceo,

      Com todos juntamente ſe partia:

      Pera eſtoruar que a armada não chegaſſe

      Aonde pera ſempre ſe acabaſſe.

      Ia na agoa erguendo vão com grande preſſa,

      Com as argenteas caudas branca eſcuma,

      Cloto co peito corta, & atraueſſa

      Com mais furor o Mar do que coſtuma.

      Salta Niſe, Nerine ſe arremeſſa,

      Por cima da agoa creſpa, em força ſuma:

      Abrem caminho as ondas encuruadas,

      De temor das Nereidas apreſſadas.

      Nos hombros de hum Tritão com geſto aceſo,

      Vay a linda Dione furioſa,

      Não ſente quem a leua o doçe peſo,

      De ſoberbo, com carga tam fermoſa:

      Ia chegão perto donde o vento teſo,

      Enche as vellas da frota belicoſa.

      Repartenſe, & rodeão neſſe inſtante

      As naos ligeiras que hião por diante.

      Poem ſe a Deoſa com outras em dereito

      Da proa capitaina, & ali fechando,

      O caminho da barra estão de geito,

      Que em vão aſſopra o vento, a vella inchãdo:

      Poem no madeiro duro o brando peito,

      Pera detras a forte nao forçando.

      Outras em derredor leuandoa eſtauão,

      E da barra inimiga a deſuiauão.

      Quaes pera a coua as pròuidas formigas,

      Leuando o peſogrande acomodado,

      As forças exercitão, de inimigas,

      Do inimigo Inuerno congelado:

      Ali ſam ſeus trabalhos, & fadigas,

      Ali mostrão vigor nunca eſperado.

      Tais andauão as Nimphas eſtoruando

      Aa gente Portugueſa o fim nefando.

      Torna pera detras a Nao forçada,

      A peſar dos que leua, que gritando,

      Mareão vellas, ferue a gente yrada,

      O leme a hum bordo, & a outro atraueſſando

      O Meſtre aſtuto em vão da popa brada,

      Vendo como diante ameaçando

      Os estaua hum maritimo penedo,

      Que de quebrarlhe a Nao lhe mete medo:

      A celeuma medonha ſe aleuanta,

      No rudo Marinheiro que trabalha,

      O grande eſtrondo, a Maura gente eſpanta,

      Como ſe viſſem horrida batalha:

      Nam ſabem a razão de furia tanta,

      Nam ſabem neſta preſſa quem lhe valha,

      Cuydão que ſeus enganos ſam ſabidos,

      E que ande ſer por iſſo aqui punidos.

      Eilos ſubitamente ſe lançauão,

      A ſeus bateis veloces que trazião,

      Outros encima o mar aleuantauão,

      Saltando nagoa a nado ſe acolhião:

      De hum bordo & doutro ſubito ſaltauão,

      Que o medo os compelia do que vião.

      Que antes querem ao mar auenturarſe,

      Que nas mãos inimigas entregarſe.

      Aſsi como em ſeluatica alagoa,

      As rãs no tempo antigo Lycia gente,

      Se ſentem por ventura vir peſſoa,

      Estando fora da agoa incautamente,

      Daqui, & dali ſaltando, o charco ſoa,

      Por fogir do perigo que ſe ſente,

      E acolhendo ſe ao couto que conhecem,

      Sos as cabeças na agoa lhe aparecem.

      Aſsi fogem os Mouros, & o Piloto,

      Que ao perigo grande as naos guiâra,

      Crendo que ſeu engano eſtaua noto,

      Tambem foge ſaltando na agoa amara:

      Mas por nam darem no penedo immoto,

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