Arena Dois . Морган Райс
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Читать онлайн книгу Arena Dois - Морган Райс страница 13

СКАЧАТЬ um amanhã.

      “Não até eu tomar conta de Sasha,” Bree falas.

      Sasha. Eu havia quase me esquecido.

      Olho para o lado e vejo o corpo congelado de nossa cachorra do outro lado do barco. Mal consigo acreditar que nós a trouxemos para cá. Bree é uma dona muito leal.

      Bree se levanta e, silenciosamente, cruza o barco e fica junto a Sasha. Ela se ajoelha e lhe acaricia a cabeça. Seus olhos brilham com a luz da lua.

      Ando até elas e me abaixo ao seu lado. Também acaricio Sasha, eternamente grata por ela ter nos protegido.

      “Posso ajudá-la a enterrá-la?” eu pergunto.

      Bree diz que sim com a cabeça, ainda olhando para baixo, derramando uma lágrima.

      Juntas, nós pegamos Sasha e a levamos até a lateral do barco. Nós a seguramos ali, nenhuma de nós quer soltá-la. Olho para a água gelada do Hudson abaixo de nós, há ondas se formando.

      “Você quer dizer alguma coisa?” eu pergunto, “antes de soltá-la?”

      Bree olha para baixo, tentando afastar as lágrimas, seu rosto é iluminado pela luz do luar. Ela parece um anjo.

      “Ela era uma cachorra maravilhosa. Salvou minha vida. Eu espero que ela esteja em um lugar melhor agora. E espero que eu a veja de novo um dia,” ela diz, sua voz fraquejando.

      Nós nos esticamos o máximo que conseguimos e, gentilmente colocamos Sasha na água. Com um pouco de água espirrando, seu corpo encontra a água. E flutua por um segundo ou dois, e então começa a afundar. As ondas do Hudson são fortes e, rapidamente, a levam, rumo ao mar aberto. Nós a observamos, meio submersa, sob a luz da lua, indo cada vez mais longe. Sinto meu coração apertar. Lembro-me de como estive perto de perder Bree de verdade, de ser arrastada pelo Hudson, assim como Sasha.

*

      Eu não sei quantas horas passaram. Agora deve ser tarde da noite e estou deitada no barco, encolhida junto com Bree e Rose, pensando, sem conseguir dormir. Nenhuma de nós disse uma palavra sequer desde que colocamos Sasha na água. Ficamos apenas sentadas, caladas, enquanto o barco levemente se mexe. A alguns metros de nós, está Ben, também perdido em seus próprios pensamentos. Ele parece mais morto do que vivo; às vezes, quando olho para ele, sinto que estou vendo um fantasma. É esquisito: estamos todos juntos, aqui, mas, ao mesmo tempo, estamos em mundos completamente diferentes.

      Logan está a uns dez metros, de guarda, vigiando o píer, segurando sua arma, enquanto ele examina os arredores. Eu consigo imaginá-lo como um soldado. Estou agradecida de ele estar nos protegendo, vigiando o primeiro turno. Estou exausta, meus ossos estão cansadas e eu não quero pegar o próximo turno. Sei que eu devera dormir, mas não consigo. Ficar aqui, com Bree em meus braços, deixa minha mente a mil por hora.

      Penso em como este mundo está maluco, completamente maluco agora. Eu mal posso acreditar que tudo isso é real. É como se fosse um longo pesadelo que nunca acaba. Toda vez que eu me sinto segura, acontece alguma coisa. Pensando bem, eu mal consigo entender em como estive perto de ser morta por Rupert. Foi tão estúpido de minha parte ter pena dele, deixá-lo vir conosco. Ainda não consigo compreender porque ele ficou doido. O que ele achou que iria ganhar com isso? Ele estava tão desesperado que seria capaz de matar todos nós, pegar nosso barco e desaparecer – apenas para ter mais comida para si mesmo? E para onde ele levaria tudo isso? Ele era apenas mal? Psicótico? Ou ele era um bom homem e todos estes ano de solidão e fome e frio o enlouqueceram?

      Quero acreditar na última razão, que ele era, no fundo, um bom homem que enlouqueceu devido às circunstâncias. Assim espero. Mas jamais saberei.

      Fecho meus olhos e penso como cheguei perto de ser assassinada, ainda consigo sentir o frio metálico de sua faca em minha garganta. Da próxima vez, não confiarei em ninguém. Não pararei por ninguém. Não acreditarei em mais ninguém. Farei o que dor possível para garantir que Bree, Rose, eu e os outros sobrevivamos. Sem mais riscos. Sem mais perigos. Se eu precisar me tornar indiferente, insensível, que assim seja.

      Pensando em tudo o que passamos, sinto que cada hora no Hudson foi uma batalha de vida ou morte. Nem imagino como poderemos passar por todos os obstáculos e chegar ao Canadá. Ficaria surpresa se conseguíssemos sobreviver pelos próximos dias, até mesmo os próximos quilômetros na água. Sei que as chances não são boas. Abraço Bree com força, sabendo que esta pode ser nossa última noite juntas. Pelo menos iremos perecer batalhando, sobre nossos próprios pés, e não como escravos ou prisioneiros.

      “Eu tive tanto medo,” Bree fala.

      Sua voz me pega se surpresa na escuridão. É tão suave, pergunto-me até se ela falou algo mesmo. Ela não diz uma palavra há horas, achei que estivesse dormindo.

      Eu me viro e vejo que Bree está de olhos abertos, me encarando, assustada.

      “Teve medo de que, Bree?”

      Ela balança sua cabeça e espera vários minutos antes de responder. Percebo que ela está lembrando-se de algo.

      “Eles me sequestraram. Eu estava sozinha. E então me colocaram em um ônibus  e depois em um barco. Estávamos todas acorrentadas umas as outras. Eles me levaram para dentro daquela casa, você não acreditaria nas coisas que eu vi naquela dia. As coisas que eles fizeram com as outras garotas. Anda consigo ouvir seus gritos. Não consegue esquecer.”

      Seu rosto se contorce quando ela começa a chorar.

      Meu coração se parte em um milhão de pedaços. Nem consigo imaginar as coisas pelas quais ela passou. Não quero que ela pense nisso. Sinto que ela levará cicatrizes para sempre, e é tudo minha culpa.

      Eu a abraço e lhe dou um beijo em sua testa.

      “Shhh,” eu sussurro. “Agora está tudo bem. Tudo isso ficou para trás agora. Não fique pensando nessas coisas.”

      Mas, mesmo assim, ela continua chorando.

      Bree afunda seu rosto em meu eito e eu a embalo enquanto ela continua chorando.

      “Desculpe querida,” eu digo. “Eu sinto muito.”

      Gostaria de poder libertá-la de todo o sofrimento. Mas não posso. Faz parte dela agora. Eu sempre quis protegê-la, protegê-la de tudo. E agora seu coração está cheio de temores.

      Enquanto a embalo, desejo estar em qualquer lugar menos aqui. Gostaria que as coisas fossem como elas foram um dia. Quando o mundo era bom. Quando nossos pais estavam conosco. Mas é impossível. Estamos aqui.

      E eu tenho uma crescente sensação de que tudo só irá piorar.

*

      Acordo e percebo que é dia. Não sei como já é tão tarde de manhã ou como eu dormi por tanto tempo. Olho ao nosso redor no barco e estou completamente desorientada. Não entendo o que está acontecendo. Nosso barco está flutuando, à deriva no Hudson, no meio deste enorme rio. Bree e eu somos as únicas no barco. Não sei onde estão os outros e não entendo como fomos parar aqui.

      Nós duas estamos no canto do barco, olhando para o horizonte e eu vejo o barco dos comerciantes de escravos acelerando em nossa direção.

      Tento entrar em ação, mas sinto que meus braços estão presos em minhas costas. Eu me viro e vejo que há vários comerciantes de escravos no barco, eles me algemaram e estão me prendendo por trás. Tento lutar de todos os jeitos para me soltar, mas é inútil.

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